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Neil Gaiman revisita terror da infância em "O Oceano no Fim do Caminho"

Capa de "O Oceano no Fim do Caminho", de Neil Gaiman - Divulgação
Capa de "O Oceano no Fim do Caminho", de Neil Gaiman Imagem: Divulgação

Guilherme Solari

Do UOL, em São Paulo

17/07/2013 05h00

Neil Gaiman, autor da série de HQs "Sandman" e de "Deuses Americanos", retorna em sua nova obra ao tema de que a fantasia com monstros e criaturas da infância não foi imaginada, mas real, e que os adultos esquecem ou racionalizam a verdade depois. De certa forma, "O Oceano no Fim do Caminho" (editora Intrínseca) também é um pouco mais do mesmo de outro livro de Gaiman, "Coraline". Mas quando o mesmo é bom assim é difícil reclamar.

A história acompanha um homem que volta à cidade onde cresceu e é tomado por lembranças assustadoras de uma criatura malévola que o perseguia. Outro tema recorrente na obra de Gaiman é a sabedoria e poder das mulheres em um mundo que apenas aparentemente é liderado pelos homens. São representadas aqui por um trio que consegue ter o conhecimento dos adultos, mas o olhar fresco para o mundo da infância.

Boa parte da história é narrada pelo ponto de vista de uma criança, e Gaiman consegue através de sua linguagem simples e de uma combinação de ingenuidade e astúcia infantil dar uma personalidade bem própria ao livro. As descrições são outro destaque. Fantásticas conforme lutam para descrever cenas indescritíveis.

"Oceano" é vendido na contracapa como o primeiro livro para adultos do autor desde 2005, mas é mais preciso dizer que ele é para adultos que nunca cresceram. É para quem guarda aquela mistura de medo e maravilhamento de estar perdido em um mundo de adultos e para isso criou novos mundos interiores e conseguiu evitar que eles desapareceram com os anos.