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Alan Moore faz "vaquinha" virtual para viabilizar série e diz que "revolução virá do crowdfunding"

Mitch Jenkins e Alan Moore, em foto de divulgação de "Jimmy"s End" - Divulgação
Mitch Jenkins e Alan Moore, em foto de divulgação de "Jimmy's End" Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

08/07/2013 18h50

Faltando uma semana para o fim do prazo para arrecadar fundos para viabilizar o último episódio de "Jimmy's End", série de curtas-metragens que pretende transformar em série de TV e filme, o escritor Alan Moore parece confiante.

"Se a revolução certamente será televisionada, me ocorre também que existem fortes chances de que a revolução também virá do 'crowdfunding'," aposta o autor de HQs celebradas como "V de Vingança" e "Watchmen" em entrevista publicada neste domingo (7) pelo site Salon.com.

Moore provavelmente não está a par - ele não usa internet, nem telefone celular -, mas para o sucesso da "vaquinha" virtual ainda faltam 14 mil libras (equivalente a pouco mais de R$ 47 mil), de acordo com o último balanço disponibilizado na página do projeto no site Kickstarter. Com orçamento total de 45 mil libras, os fãs podem contribuir com quantias que vão de 3 libras a 5.000 libras - esta última transforma o fã em "produtor-executivo" da série, com direito a visita ao set e nome nos créditos finais.

"Jimmy's End" é resultado de uma parceria de Moore com o fotógrafo Mitch Jenkins que começou como um ensaio de fotografias de dançarinas de burlesco publicado em um fanzine editado pelo autor. Empolgados com a ideia, Jenkins e Moore trabalharam nos primeiros roteiros para os curtas e começaram a filmar em dezembro de 2011. Quatro de cinco episódios já foram rodados.

Descritos por Moore como "um espelho de nossa cultura", os curtas misturam a estética de filme noir com referências a redes sociais, videogames e à cultura do consumismo contemporâneo.

Declaradamente avesso a negociações comerciais com estúdios de cinema e televisão, Moore diz confiar que soluções de financiamento coletivo como o Kickstarter são o único modelo que conferem aos autores total autonomia para seguir o projeto exatamente da maneira que idealizaram.

Caso consiga verba suficiente para viabilizar a série de TV e o longa-metragem - que batizou de "The Show -, Moore garante que já tem tudo escrito.

"A gente sabe o que vai acontecer em cada uma das cenas do filme - e da série de TV, se ela existir. Eu tenho repulsa às séries de televisão que não são escritas ou pensadas episódio por episódio. Para mim, narrativa é a coisa mais importante do mundo. Desprezo essas narrativas da cultura atual, onde parece não importar se o roteiro faz sentido ou não, ou se todos os elementos introduzidos vão ser resolvidos. Em algumas das séries de TV de hoje, parece óbvio que os roteiristas não se importam em dar conta de todos os aspectos do roteiro para manter o interesse do público vivo. Trata-se de não-histórias", conclui.