Topo

Candidato favorito à ABL, FHC resistia à ideia por não se considerar escritor

FHC em entrevista para a Folha de São Paulo e para o UOL em 2012 - Eduardo Knapp 30.nov.2012/Folhapress
FHC em entrevista para a Folha de São Paulo e para o UOL em 2012 Imagem: Eduardo Knapp 30.nov.2012/Folhapress

Tiago Dias

do UOL, em São Paulo

28/03/2013 15h56

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se candidatou na noite de quarta-feira (27) a uma cadeira da Academia Brasileira das Letras (ABL), depois de passar anos resistindo à ideia.

Seu nome concorre – por enquanto, quase que sozinho  – à vaga de número 36, que pertencia ao acadêmico João de Scantimburgo, morto na madrugada de sexta-feira.

A carta que sela a candidatura foi entregue pelo ex-ministro das Relações Exteriores de seu governo e integrante da ABL, Celso Lafer, depois da Sessão de Saudade, tradicional cerimônia da Academia. “A percepção que eu tenho é que de há uma simpatia, um sentimento. Caminha-se para um consenso”, afirmou Lafer ao UOL.

O ex-ministro negou ter identificado algum membro que poderia ser contrário a ideia. “Penso eu, pelo que eu ouvi falar, que não haverá nenhuma outra candidatura relevante. Fora alguns candidatos que sempre se apresentam, mas nunca têm voto”, disse. Oficialmente, qualquer brasileiro que tenha escrito um livro pode se candidatar a vaga.

Não é a primeira vez, porém, que Fernando Henrique é citado como um ótimo nome para se tornar um imortal. Em nota, o ex-presidente comentou que a razão da sua desconfiança era “não ser, propriamente, um escritor” e o fato de que, havendo exercido a presidência da República, “suas posições políticas” poderiam ser confundidas. Sociólogo, Fernando Henrique escreveu oito livros sobre política.

Desta vez, a articulação que levou FHC a aceitar a proposta começou durante um almoço entre o senador José Sarney (PMDB) e a escritora Nélida Piñon, colegas na Academia, no dia da morte de Scantimburgo. O nome do ex-presidente surgiu em seguida da notícia da morte.

Lafer confirma que nos últimos anos fez parte do coro daqueles que queriam ver o sociólogo na Academia. “Eu sempre achei que fazia sentido. Acredito que agora ele aceitou por sentir que sua candidatura é bem-vinda”, disse.

“Quando a Academia começou, as duas figuras mais importantes eram o Joaquim Nabuco e o Machado de Assis. O Machado insistia na presença de romancistas e poetas, e Nabuco achava que era importante, mas que precisava também de grandes personalidades do País. Ele (FHC) se encaixa com perfeição nesse perfil do Nabuco. É um grande intelectual. É algo indiscutível”, afirmou.

As inscrições para a vaga podem ser feitas nos próximos 30 dias. Após essa data, os candidatos terão dois meses para a campanha.