Exposição sobre impressionismo abre no Rio e quer bater recorde de público
Pela primeira vez, o Museu d’Orsay, um dos mais visitados do mundo e detentor da maior coleção impressionista, traz ao Rio de Janeiro obras seletas de artistas impressionistas em exposição que quer bater seu record de público e ultrapassar a meta de 300 mil visitantes em quase três meses de exposição.
Vinda de São Paulo, a exposição “Impressionismo: Paris e a modernidade” que abre para visitação nesta terça-feira (23), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Rio, apresenta um panorama rico e detalhado da pintura impressionista e pós-impressionista do século 19.
“Paris sempre foi uma Meca dos artistas, a exposição é um passeio por Paris sem precisar ir até a França” destacou o diretor-geral do CCBB no Rio, Marcelo Mendonça, em breve entrevista ao UOL durante o vernissage na noite desta segunda (22).
A expectativa para a exposição no Rio após desembarcar da capital paulista é “muito alta”, admitiu Mendonça.
“Quando começamos a conversar com o Museu d’Orsay sobre este projeto há dois anos, nós pedimos que o museu fosse o curador desta exposição impressionista no Brasil. É uma exposição de primeira linha que inicia sua itinerância internacional aqui no Brasil e, em seguida, vai para Madri”, afirmou Mendonça.
Em menos de dois meses em São Paulo, o público foi de 320 mil visitantes. Já no Rio, a exposição, que se inicia nesta terça (23) até 13 de janeiro de 2013, pretende alcançar a meta paulista e até superá-la. O diretor do CCBB no Rio garantiu que as enormes filas de espera de quase cinco horas em São Paulo não vão se repetir no Rio.
“Devido a experiência de São Paulo, a gente se preparou muito bem. A capacidade do CCBB no Rio é três vezes maior”.
Segundo Mendonça, o tempo de espera pode ser de cerca de uma hora, pois cada uma das sete salas de exibição tem capacidade para 150 visitantes.
85 obras de renomados artistas
A exposição traz 85 obras de renomados artistas franceses impressionistas que pintaram a Paris moderna e retrataram cenas do seu cotidiano, além de imagens do campo ocupa integralmente o primeiro andar do centro cultural. O segundo andar dará espaço à cronologia do movimento, consulta bibliográfica e às atividades do CCBB Educativo. Uma mostra de cinema impressionista também fará parte da programação.
O público poderá conferir obras como “As Tuleries” (1875), “A Estação de Saint-Lazare” (1977), “Regatas em Argenteuil” (1874) e “O lago das ninféias” (1899) de Claude Monet, que não se preocupou com o desenho detalhista preferindo eliminar os contornos para conseguir captar o efeito do instantâneo.
Lá estão obras de arte como as “Moças ao Piano” (1892) de Auguste Renoir que priorizava o retrato do feminino, mulheres de seu tempo, investindo no efeito do movimento que dava suas pinceladas. Renoir foi tido como o cronista da burguesia parisiense.
Já em “O Tocador de Pífano” (1866) e “A garçonete com cervejas” (18878/79) de Édouard Manet, o público poderá se deliciar com as pinceladas do artista que, em 1863, chocou a sociedade parisiense ao mostrar assuntos e personagens de seu tempo contrariando as tendências naturalistas ou personagens da mitologia ou, até mesmo, recusando-se a pintar retratos de nobres.
Estão ainda pinturas como “Dançarinas subindo uma escada” (1886/90) de Edgard Degas; e “Estrada de Ennery” (1874), “Jovem camponesa fazendo fogo” (1888) de Camille Pissarro.
Segundo o presidente do Museu d’Orsay, Guy Cogeval, da seleção de 85 obras do museu, pelo menos dez são “absolutamente maestrais”, como “O Tocador de Pífano” e “A Estação de Saint-Lazare”.
“Esta é a primeira vez que o Museu d’Orsay vem ao Brasil, país com uma riqueza cultural enorme, especialmente, o Rio, uma cidade onde já foi capital do Brasil, onde o imperador viveu e teve influência francesa da Belle Époque”, afirmou ao UOL.
“Sabemos que em São Paulo foi uma recepção extraordinária e aqui no Rio não podemos esperar uma cifra muito longe. A cidade que o artista impressionista fala é de Paris e é a cultura da sociedade parisiense que trazemos aqui, um conceito da vanguarda formado por um grupo de artistas que mudou a história das artes”, explicou Guy Cogeval.
Segundo o presidente do Museu d’Orsay, as obras estão avaliadas em meio bilhão de euros (R$ 1,3 bilhões).
“Me tocou muito ver Cézanne no Rio”, diz Fernanda Montenegro
O evento só para convidados na noite de abertura da exposição reuniu cerca de 1.000 visitantes.
Enquanto apreciava a obra “A espera” (1880/85), de Jean Béraud, a atriz Fernanda Montenegro, uma das convidadas do vernissage, definiu a exposição como “comovente”.
Segundo disse ao UOL, o volume de obras extraordinárias que estão reunidas a comove. “Esta é uma exposição de importância na sua excepcional qualidade e quantidade de obras que se deslocaram para o Rio”, disse a atriz que já visitou, pelo menos, três vezes o museu em Paris. Mas para ela, é uma emoção voltar a ver pinturas de artistas impressionistas em sua cidade.
Dos artistas consagrados, o que a marca é Paul Cézanne, especialmente na obra “Retrato do artista com fundo rosa” (1875) um autorretrato que Cézanne (1839-1906) representou de si mesmo aos 36 anos. “Me tocou muito ver Cézanne no Rio”, disse Montenegro.
Beth Goulart e Guilherme Leme disseram que viram a exposição em uma hora e meia. “A exposição tem uma curadoria incrível que coloca lado a lado artistas que se influenciaram mutuamente. Eu gosto muito de Monet e Cézanne. A parte educativa é maravilhosa para as crianças onde elas vão ter a experiência de pintar um quadro impressionista e mexer com as cores”, disse Goulart ao UOL.
O impressionismo aconteceu numa época de crise da representação tradicional da arte em que a fotografia havia ocupado um lugar de registro mais dinâmico e verdadeiro. Num contexto de industrialização e de uma sociedade burguesa, a pintura teve que encontrar uma nova função e um novo valor de representação.
O diretor do CCBB admitiu que o carioca vai se sentir como se estivesse no próprio Museu d’Orsay, construído na década de 1980, à margem esquerda do rio Sena e em frente aos jardins das Tuleries, num antigo entreposto industrial datado de 1900.
O museu dedica-se à arte do século XIX e, sobretudo, ao movimento impressionista, que deu origem à arte moderna. Em 25 anos de existência, o museu já recebeu mais de 70 milhões de visitantes de todo o mundo.
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