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Assistente de direção conta em "Minha Semana Com Marilyn" como ganhou a confiança da atriz

Marta Barbosa

Do UOL, em São Paulo

26/02/2012 07h00

A literatura em torno de Marilyn Monroe constrói a imagem de uma diva ao mesmo tempo fabulosa e trágica, de modo que fascínio e pena são sentimentos comuns ao leitor dos tantos títulos biográficos dedicados a ela. Em “Minha Semana com Marilyn”, de Colin Clark (tradução de Carmen Fischer, editora Seoman) não é diferente.

A história é mesmo muito boa. Colin Clark é um inglês de 23 anos que tem sua primeira oportunidade de trabalho no cinema justamente nos bastidores das filmagens de “O Príncipe Encantado”, filme estrelado por ninguém menos que lady Monroe. Era o ano de 1956 e a mais famosa atriz americana se vê entre o começo (com cara de fim) do terceiro casamento e a cobrança da crítica por uma atuação não menos que estelar do maior símbolo sexual de Hollywood.

Marilyn surge no livro de Colin como uma pessoa solitária, desconfiada de todos que lhe rodeiam, mas nem sempre frágil como pintam suas biografias. Uma mulher cuja beleza sem limites lhe cobra um preço muito alto.

“Ela tem hoje uma fama tal, que todo mundo evita seu olhar como ela tivesse mau-olhado. Eu não tenho certeza quanto a se isso a agrada. É óbvio que ela não tem muita autoconfiança e acho que ela prefere um grupo de homens aplaudindo-a e sorrindo quando ela entra numa sala a um que a trata com indiferença.”

Durante uma semana, Colin se transforma no porto seguro de Marilyn – confidente, conselheiro, quase um amigo. O relato deslumbrado do aprendiz de diretor de cinema (Colin é o terceiro assistente de direção, ou seja, o faz tudo do estúdio) ganhou tantos leitores que alcançou a tela grande. O filme estreia por aqui em 23 de março, e a protagonista Michelle Williams concorre ao Oscar neste domingo (26) pelo papel principal.

O bacana em “Minha Semana com Marilyn” é que a narrativa é inteligente e engraçada. Ainda que entorpecido de adoração por Marilyn, Colin disfarça sua insegurança com o cinismo absolutamente necessário na indústria do cinema de então. O livro é um interessante retrato do que era fazer parte de Hollywood, ainda que as filmagens tenham sido na Inglaterra.

Para além da incrível história de um assistente de direção que ganhou a confiança da estrela, Colin apresenta com deslumbre o funcionamento de um estúdio formado só pelos melhores profissionais da época, marcado por uma rígida ordem hierárquica.

“Os atores de menor importância e até mesmo os importantes exercendo papéis auxiliares, são totalmente ignorados. Estrelas britânicas em filmes britânicos, como Anthony Steel ou Maureen Swanson, que estão no momento trabalhando em outros filmes dos estúdios Pinewood, são tratados do mesmo jeito – exatamente como se fossem  também técnicos, meramente cumprindo outra função.”

“Minha Semana com Marilyn”
Autor:
Colin Clark
Tradução: Carmen Fischer
Editora: Seoman
160 páginas
Preço sugerido: R$ 24,90