Livro conta influência sino-portuguesa na cultura de Macau
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Livro da historiadora Celina Veiga de Oliveira (f) fala sobre influência sino-portuguesa em Macau
Os doze anos de preparação da transferência da Administração do território para a China - concretizada em 20 de dezembro de 1999 -, e os últimos dez anos assistiram a um maior interesse na aprendizagem das respectivas línguas, por parte de portugueses e chineses, na região administrativa especial. Não só foi necessário promover a formação de quadros bilíngues para a Administração, como a nova geração de emigrantes portugueses no território está aprendendo "a falar e escrever chinês", destacou Celina Veiga de Oliveira. E, embora atualmente se fale "pouco português" na região, a historiadora diz estar "confiante em que a língua portuguesa possa continuar, porque a China tem interesse nisso.
Macau pode continuar, para o futuro, a ser a ligação da China ao mundo lusófono". "Macau - Uma História Cultural" conta a história dos encontros e desencontros entre Portugal e China desde que os portugueses se estabeleceram na região administrativa especial chinesa, em meados do século 16, até o século 20. "Os pregadores levam o Evangelho e os mercadores levam os pregadores" é a frase do jesuíta António Vieira com que a historiadora caracteriza o que tornou Macau um território "único", que junta o que "de melhor os portugueses e os chineses têm".
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Neons em área turística de Macau, China: antiga colônia portuguesa, a região voltou a conhecer crescimento econômico nesta década, depois de anos de recessão (15/3/2001)
Das intensas trocas comerciais, com a seda chinesa no centro, à diplomacia política, essencial para o delicado equilíbrio de poderes que se construiu no território, passando pelo papel da religião cristã e das ordens religiosas, especificamente dos jesuítas, o livro narra os esforços dos dois países para, sem perderem o que consideravam seu de direito, conseguirem alcançar a autonomia que acabou por se tornar a identidade da região. "Macau é o resultado de várias confluências. Não é totalmente português, não é totalmente chinês, é de Macau", resume Celina Veiga de Oliveira.
Na história cultural de Macau, destaca a especialista, "houve sempre um dualismo, na administração, na justiça, no comércio, nas regras da religião, mas houve sempre, também, uma aceitação da outra parte$escape.getQuote().Por isso, é com "tristeza" que ela observa o "desconhecimento sobre Macau em Portugal"."Ninguém sabe quem é Macau, o que foi, a importância que teve para a História de Portugal e da China", critica a historiadora. Uma "prova da indiferença que o poder político em Portugal teve sempre em relação a Macau" é a bandeira que o último governador da região administrativa especial recebeu na cerimônia de transferência da soberania do território estar guardada em uma gaveta de seu ex-auxiliar de campo.