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Woodstock completa 50 anos, e fãs exaltam conceitos de união e liberdade

O cantor John Sebastian se apresenta no segundo dia de shows em Woodstock - Woodstock.com
O cantor John Sebastian se apresenta no segundo dia de shows em Woodstock Imagem: Woodstock.com

Helen Cook

Do EFE

16/08/2019 12h05

A exaltação aos conceitos de união e liberdade voltou a tomar conta da pequena cidade de Bethel, no estado de Nova York, que nesta semana comemora o 50º aniversário de Woodstock, um dos festivais de música mais aclamados de toda a história.

"É difícil explicar com palavras aquela experiência", disse à Agência Efe Jeff Bakewell, uma das testemunhas daquele evento sem paralelo.

Ao lado de dezenas de fãs, Bakewell visitou o monumento que relembra o evento realizado nos dias 15, 16 e 17 de agosto de 1969, quando mais de 400 mil jovens se reuniram para ver estrelas da música como Jimmi Hendrix, Joan Baez, Janis Joplin, Carlos Santana, The Who, Sly & The Family Stone, Crosby, Stills, Nash & Young e Blood, Sweat & Tears.

"Ninguém imaginava que haveria tanta gente, mas depois de entrar no local do festival, era impossível sair", afirmou o espectador do evento histórico.

A avalanche de pessoas que chegou a Bethel naquele icônico fim de semana de 1969 foi tamanha que as estradas que passam por lá ficaram completamente bloqueadas.

A convulsiva década de 1960, marcada pela Guerra do Vietnã, pelos constantes confrontos raciais e pelos assassinatos do presidente americano John Kennedy e do pastor e ativista de direitos humanos Martin Luther King, uniram as então novas gerações em uma repulsa coletiva à violência e à intolerância que culminou com Woodstock.

"Tudo se resumia à liberdade de ser você mesmo. Ninguém implicava com ninguém, todos trabalhávamos juntos", lembrou Bakewell, que destacou que nem mesmo as chuvas torrenciais ou a falta de água, comida e alojamento foram capazes de estragar essa grande festa a céu aberto.

Numa tentativa de recuperar o espírito do festival, turistas do mundo todo visitaram nesta semana o simbólico lugar, tido quase como um santuário e hoje transformado em um complexo cultural chamado "Bethel Woods Center for the Arts".

Enfeitados com flores, roupas coloridas e o reconhecidíssimo "tie-dye", que decorava as camisas de um bom número de hippies, os fãs nostálgicos não pouparam esforços para assistir às três noites de shows que homenageiam o cinquentenário do festival. O brasileiro Rogerio Cazzeta, que tinha apenas 4 anos quando Woodstock aconteceu, viajou de Porto Alegre para ver shows de Ringo Starr, Carlos Santana e John Fogerty.

"Sempre sonhei com isso, mas pensei que nunca voltaria a acontecer", disse Cazzeta, que é dono de uma loja de discos na capital gaúcha e que desde os 13 anos coleciona músicas de todos os artistas que participaram do festival original.

"Woodstock reflete um espírito de amor e de unidade que, nos tempos atuais, deveria se estender ao resto do mundo", salientou.

Entre as centenas de fotos e lembranças acumuladas no museu Bethel Woods Center for the Arts, está estacionado um dos antigos ônibus utilizados no festival. O veículo pertence a Jeannie Whitworth, que não só presenciou o evento, mas também foi uma das pessoas que trabalhou incessantemente para tentar alimentar as centenas de milhares de jovens ali acampados.

Agora, 50 anos depois, Whitworth voltou a Bethel e se emocionou ao lembrar a paz e a harmonia que se respirou naqueles dias em Woodstock. Também ofereceu sábios conselhos às novas gerações.

"Acredito que na sociedade atual as pessoas são julgadas com muita rapidez, e não há amor. Isso me entristece muito", confessou Whitworth, que descreve os jovens de hoje em dia como "apagados" e "insensíveis à violência".

"Um dia vão olhar para trás e se perguntar: por que não fomos mais empáticos uns com os outros?", refletiu.