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Mulher de Polanski rejeita ser membro da Academia após expulsão do marido

O cineasta Roman Polanski - Getty Images
O cineasta Roman Polanski Imagem: Getty Images

Paris (FRA)

08/07/2018 12h36

A atriz francesa Emmanuelle Seigner rejeitou a proposta feita pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para se tornar membro, proposta que tachou de "hipócrita" apenas dois meses depois da expulsão de seu marido, o diretor Roman Polanski.

"Esta proposta é a gota que preenche o copo da minha relativa discrição", denuncia Seigner em um artigo publicado neste domingo pelo "Le  Journal  du  Dimanche".

A Academia de Hollywood, que afirma que com o convite à atriz dá espaço a mais mulheres, o que a ela soa bem, há algumas semanas "expulsou meu marido, Roman  Polanski", assegura.

Seigner fazia assim alusão à polêmica pelo controverso caso do suposto abuso e estupro de uma menor de 13 anos que já se arrasta há mais de quatro décadas e por outras acusações de agressões sexuais a mulheres.

A atriz Emmanuelle Seigner, mulher do diretor Roman Polanksi, em cena de "Baseado em Fatos Reais" (2017) - Reprodução - Reprodução
A atriz Emmanuelle Seigner, mulher do diretor Roman Polanksi, em cena de "Baseado em Fatos Reais" (2017)
Imagem: Reprodução


A artista reiterou que a mesma Academia que o expulsou, o premiou pelo filme "O Pianista" com o Oscar ao melhor diretor em 2003. "Curiosa amnésia!", ressalta.

"Me insultam quando dizem que pretendem proteger as mulheres", escreve Seigner, esposa de Polanski desde 1989 e mãe de seus filhos, que disse que não vai mais se calar.

Primeiro porque "foi sempre um pai de família e um marido excepcional", e, além disso, porque ela mais que do ninguém sabe o quanto Polanski "lamenta" o que aconteceu em 1977 com a atriz Samantha  Geimer, então menor.

Na época, Polanski ficou detido por 42 dias na Califórnia e dois meses na Suíça em 2009, em virtude de um mandato de detenção dos Estados Unidos, que segue lhe considerando um fugitivo.

Mas também porque afirma que a imprensa publicou "mentiras" e "testemunhos falsos" de mulheres que dizem que foram assediadas, "mas não denunciam".

"Tenho a impressão de que, desde os nazis na infância até estes últimos anos, Roman foi condenado a fugir de forma perpétua sem a menor vontade".

Seigner recordou que Polanski criou "personagens femininas inesquecíveis" que foram interpretadas por atrizes como Sharon Tate, Catherine Deneuve, Mia Farrow, Faye  Dunaway, Nastassja  Kinski e Sigourney  Weaver.

"É uma hipocrisia insuportável".