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Prêmios Goya, Oscar do cinema espanhol, tem protesto de mulheres com leque

Com o leque vermelho, a atriz Nathalie Poza recebe o prêmio de melhor atriz  - AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
Com o leque vermelho, a atriz Nathalie Poza recebe o prêmio de melhor atriz Imagem: AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS

03/02/2018 23h41

O filme 'La Librería', de Isabel Coixet, foi o grande vencedor da 32ª edição dos Prêmios Goya, o Oscar do cinema espanhol, que teve um toque chileno com a vitória de "Uma Mulher Fantástica" como melhor obra ibero-americana e com a reivindicação feminina como tom dominante. As mulheres trouxeram o tom vermelho em leques com uma mensagem bem direta: "Mais mulheres".

Coixet foi a surpresa ao ganhar os prêmios de melhor filme, direção e roteiro adaptado numa noite que até o último momento teve o filme basco "Handia" como grande destaque.

A fábula histórica rodada em língua basca conseguiu dez dos 13 prêmios aos quais concorria, mas perdeu os principais, que foram para a adaptação de um romance de Penelope Fitzgerald, com a qual Coixet aspirava a 12 Goya e só levou três, os mais importantes.

Isso o fez ser o vencedor em uma festa que teve um tom dominante de reivindicação feminina, com o auditório portando leques vermelhos em apoio ao movimento #MasMujeres impulsionado pela Associação de Mulheres Cineastas e de Veículos de Meios Audiovisuais.

Coixet também foi reivindicativa ao receber seu prêmio. Ela lamentou o fato de "o Fundo Monetário Internacional ter dito no ano passado que faltam 170 anos (para as mulheres) para conseguir a igualdade salarial".

Diretora espanhola Isabel Coixet recebe prêmio no Goya, em Madrid -  AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS -  AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
Diretora espanhola Isabel Coixet recebe prêmio no Goya, em Madrid
Imagem: AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
Assim como Adelfa Calvo, ganhadora da estatueta de melhor atriz coadjuvante por 'El Autor', que ressaltou que "o cinema é uma arte livre onde homens e mulheres têm muitas coisas para contar".

Adelfa dedicou seu prêmio, entre outros, a seu companheiro de elenco e protagonista do filme, Javier Gutiérrez, que levou o Goya de melhor ator por seu papel de candidato frustrado a romancista.

"Uma Mulher Fantástica", de Sebastián Lelio, levou o prêmio para o Chile, como melhor filme ibero-americano. "Bingo: O Rei das Manhãs", indicado do Brasil para a premiação, não conseguiu ficar entre os quatro finalistas.

A história de uma transexual (Daniela Vega) que sofre uma forte discriminação "joga uma certa luz sobre um tema que, até agora, estava oculto e o faz a partir de um ponto de generosidade, mais conectado com as perguntas que com as respostas", explicou o diretor à Agência Efe após ganhar o prêmio.

Um prêmio que a equipe garantiu que ia comemorar dançando toda a noite e que representa o quarto Goya para o Chile. Poderia levar, além disso, o primeiro Oscar para este país se for vitorioso no início de março em Los Angeles.

Entre seus concorrentes estará o filme sueco "The Square - A Arte da Discórdia" que ganhou o Goya de melhor filme europeu.

Era um dos prêmios certos da noite, como o de melhor atriz para Nathalie Poza por sua interpretação em "No sé Decir Adiós".

Também se esperava que o delicao "Verano 1993", uma estreia dirigida por Carla Simón, levasse vários dos oito prêmios aos quais concorria e assim o fez.

Carla ganhou na categoria de melhor direção revelação, David Verdaguer como ator coadjuvante e Bruna Cusí como atriz revelação, com a história de uma menina que enfrenta a morte de sua mãe e a estigmatização devido a Aids.

Os prêmios foram entregues em uma longa festa, na qual não faltou ritmo e cujas brincadeiras e discursos estiveram centradas na defesa da mulher e na luta contra a desigualdade.