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Helen Mirren se aventura no terror: "Todos adoram histórias violentas"

Helen Mirren em cena de "A Maldição da Casa Winchester" - Divulgação
Helen Mirren em cena de "A Maldição da Casa Winchester" Imagem: Divulgação

Antonio Martín Guirado

Los Angeles (EUA)

01/02/2018 19h59

Helen Mirren já fez quase de tudo na sua carreira. Agora, aos 72 anos, se aventura no terror psicológico em "A Maldição da Casa Winchester", filme com uma mensagem contra o tráfico de armas e com o qual ela espera chegar a esse público que, segundo disse à Agência Efe, adora "histórias violentas".

"Fiz algumas filmes que acabaram sendo um verdadeiro horror, mas não considero 'Winchester' um filme de medo. Para mim, é um conto fantasmagórico. Acho que tem muita diferença", disse, entre risos, a atriz britânica, sobre o longa previsto para estrear em 1º de março no Brasil.

"Claro que tem momentos de sobressalto e que dão medo, mas isso está dentro do gênero, que me parece muito nobre, avaliou a artista, reconhecendo que não é comum a presença de grandes estrelas neste tipo de projeto.

"A Maldição da Casa Winchester", escrito e dirigido pelos irmãos Michael e Peter Spierig, conta a história de Sarah Winchester, herdeira da companhia de rifles de William Wirt Winchester, que, segundo a lenda, construiu uma mansão nos arredores de São Francisco, na Califórnia, no começo do século 20, para encerrar as almas das pessoas assassinadas com as armas feitas pela sua família.

"Achei o projeto muito atraente. A casa existe e Sarah existiu. A sua vida é um grande mistério. Ninguém sabe porque a casa foi construída nem porque resolveu ficar fechada ali. Era um material fascinante e até 'shakespeariano'", indicou a vencedora do Oscar de melhor atriz por "A Rainha" (2006).

Ela contou que para montar o personagem usou dos sentimentos de culpa e de dor que a personagem carrega. Na vida real, a estrela se uniu a uma iniciativa da organização humanitária Oxfam para controlar a venda ilegal de armas.

"É uma situação que se prolifera no mundo. Essas armas caem nas mãos de senhores da guerra e causam um dano terrível em comunidades inteiras. São armas feitas em países como Alemanha, França, Itália, China, Rússia... Em todos esses lugares tem alguém que leva muito dinheiro com a fabricação delas. Isso é aterrorizante. São pessoas com as mãos sujas de sangue", declarou.

Depois de uma vida dedicada ao teatro, TV e histórias íntimas no cinema, Helen Mirren quis mudar e nos últimos anos atuou em produções como "RED: Aposentados e Perigosos" (2010) e "Velozes e Furiosos 8" (2017), que pouco têm que ver com a sua imagem distinta conseguida graças a obras como "As Loucuras do Rei George" (1994), "Assassinato em Gosford Park" (2001) e "A Última Estação" (2009).

"Vamos ser francos, as pessoas adoram a violência no cinema. E eu também, mas isso é assim desde que o mundo é mundo: aí estão os antigos poemas de heróis e as lendas nórdicas ou britânicas. São histórias sobre violência, guerra e sexo. Nos últimos 3 mil anos, sempre teve gente contando esses relatos. Violência e sexo ainda são os temas que mais vendem", admitiu.

No seu caso, participar de um projeto assim era uma grande curiosidade.

"Fazer cinema íntimo e histórias pequenas é maravilhoso, mas queria experimentar grandes espetáculos, que eram desconhecidos para mim. Queria ver como faziam essas enormes produções. Amo essa sensação de entrar em um mundo diferente através das filmagens e dos cenários", sustentou.

Mais mundano é o movimento "#MeToo", cujo objetivo é denunciar o assédio sexual contra mulheres, que ela mesma vivenciou quando jovem, apesar de ter dito que achou válidas as palavras de Catherine Deneuve, que há 15 dias defendeu sua assinatura em uma carta em defesa da "liberdade de importunar" dos homens.

"É um argumento válido. Acredito que deu a sua opinião de forma inteligente, delicada, precisa e humana. Todas as vozes devem ser ouvidas e acho que o ideal é encontrar o consenso no meio termo", finalizou.