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Começa a contagem regressiva para o carnaval na Cidade do Samba

10/02/2017 22h09

Mar Marín.

Rio de Janeiro, 10 fev (EFE).- Luciano Costa trabalha em um dos barracões da Cidade do Samba, o imenso complexo que abriga as oficinas das escolas de samba do Rio de Janeiro que estão no Grupo Especial e que cuidam dos últimos preparativos para os desfiles no Sambódromo.

Assim como ele, cerca de 400 pessoas se apressam para cuidar de cada detalhe das fantasias e dos carros alegóricos que a Portela exibirá na Marquês de Sapucaí durante os desfiles, que neste ano serão realizados nos dias 26 e 27 de fevereiro.

"O carnaval cresceu muito. Antigamente, era muito mais difícil de prepará-lo, tínhamos que criar tudo, era preciso ler muito, estudar artes, mas agora um artesão pode ser um carnavalesco", comentou Luciano, que trabalha na montagem do carnaval há 35 anos.

"Quem ousa, vence", adverte um cartaz no barracão da Portela, onde se misturam imponentes carros alegóricos com até oito metros de altura, com anjos gigantes, sapos coloridos, figuras monumentais, espelhos, flores, lantejoulas e plumas de todas as cores e tamanhos.

"Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar" é o samba-enredo de 2017 da Portela, que, como as outras escolas, guarda a sete chaves os detalhes sobre as fantasias e os carros alegóricos que serão utilizados.

"O fator surpresa durante o desfile é fundamental", disse Fábio Pavão, presidente do Conselho Deliberativo da Portela, que revelou que a escola homenageará antigas civilizações e lendas locais com mais de 3,5 mil pessoas no Sambódromo.

No barracão da Portela trabalham cerca de 400 pessoas, mas "há trabalhadores durante o ano todo porque quando um carnaval termina, já se pensa no próximo. São feitas algumas propostas e a diretoria da escola escolhe", explicou Pavão.

A partir daí, começa o processo de criação, que inclui o projeto e a produção de tudo para o carnaval, dos carros alegóricos, das fantasias e de um texto que servirá para a composição da música e da coreografia.

"São produzidos vários sambas. Neste ano, foram 29. Então, entre agosto e outubro fazemos um concurso interno na escola no qual esses sambas são apresentados, até que resta um, que é o vencedor e é o que cantamos na avenida", detalhou.

Financiar os altíssimos custos do desfile é um desafio para as escolas de samba, que realizam atividades durante o ano e buscam patrocinadores, embora a principal fonte de ingressos seja a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).

"A Liesa tem três ramos distintos: os direitos de televisão, que é a principal fonte agora, a arrecadação por venda de ingressos para o carnaval e a ajuda da Prefeitura do Rio de Janeiro (R$ 2 milhões)", resumiu Pavão.

Neste ano, a recessão econômica que assola o Brasil e a profunda crise que afeta o estado do Rio de Janeiro complicaram a produção do carnaval.

"É mais difícil encontrar patrocinadores e os materiais custam mais caro. Neste momento, é preciso usar mais a criatividade, se adaptar para reduzir os custos. Assim, muitas vezes acaba melhorando o carnaval, o espetáculo acaba sendo melhor", disse Pavão.