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Capela Sistina da arte rupestre em Matera é reaberta ao público

26/08/2016 09h59

Laura Serrano-Conde.

Roma, 26 ago (EFE).- A cidade italiana de Matera, declarada Patrimônio da Humanidade em 1993, reabriu recentemente ao público a Cripta del Peccato Originale (Cripta do Pecado Original), conhecida como Capela Sistina da arte rupestre, uma gruta repleta de afrescos religiosos que procura ser uma nova referência para o turismo do país.

Matera é uma das joias do sul da Itália. Conhecida como a cidade de pedra, desprende um aroma de espiritualidade e de tempo passado, e por isso os cineastas Pier Paolo Pasolini e Mel Gibson a elegeram como locação para rodar "O Evangelho Segundo São Mateus" e "A Paixão de Cristo", respectivamente.

A cidade em si já é uma visita obrigatória para aqueles que viajam ao sul do país, principalmente por seus "sassi", literalmente "pedras", que é como são conhecidas as casas escavadas em rocha caliça nas quais famílias e animais conviviam até há relativamente poucas décadas e desde os primeiros tempos da humanidade.

Precisamente os "sassi de Matera" e o conjunto de suas igrejas rupestres foram declarados pela Unesco Patrimônio da Humanidade em 1993.

Mas Matera, Capital Europeia da Cultura 2019, tem a partir de agora outro elemento fundamental para atrair novos turistas e também os próprios italianos que se aproximarem desta cidade da região de Basilicata: sua Cripta do Pecado Original.

Trata-se de um dos tesouros mais esplêndidos da região e se encontra perto da célebre Via Appia, a poucos quilômetros de Matera, rodeada de natureza e vinhedos.

Esta cripta, que era no século VIII local de culto de uma comunidade monástica assentada na região, é conhecida também como a Capela Sistina da arte rupestre.

A Fundação Zètema, responsável por sua restauração, explica que a comparação ocorre porque esta cripta reproduz, 700 anos antes de Michelangelo pintar seus afrescos na Capela Sistina do Vaticano, a cena da transmissão da vida por parte de Deus ao homem com o contato vital das mãos.

A caverna, conhecida coloquialmente como a gruta dos cem santos, apresenta um vasto ciclo pictórico cujas imagens emitem "uma mensagem de alto conteúdo teológico e são uma expressão de fé por parte do povo crente", asseguram fontes da fundação italiana.

Entre os afrescos, que datam do século IX, está uma extensa reprodução da Criação de Adão e Eva e a posterior expulsão do paraíso por morder o fruto proibido, que não está representado como uma maçã, mas como um figo, já que a Bíblia não especifica qual foi o fruto pelo que se sentiram tentados.

O conjunto de pinturas de arte rupestre recria também outras cenas religiosas.

Os três absides que a formam estão iluminadas por três arcos decorados por pinturas que representam os apóstolos Santo André, São Pedro e São João, a Virgem Maria entre dois santos, e os santos São Gabriel, São Miguel, São Rafael.

Os afrescos são obra de um artista anônimo conhecido como "O pintor das flores de Matera" que possivelmente foi um monge beneditino com conhecimentos sobre a tradição estética e religiosa da arte romana.

A cripta foi restaurada pela Fundação italiana Zètema com fundos estatais e também privados de fundações bancárias e da própria fundação.

Pela singularidade de seus afrescos e pela qualidade de seu plano de restauração, a Cripta do Pecado Original é, sem dúvida alguma, uma parada inevitável para o turismo cultural da região.