Sem pensar em parar, Bob Dylan completa 75 anos na estrada

Washington, 24 mai (EFE).- Bob Dylan, um dos maiores ícones do folk rock, completa 75 anos nesta terça-feira com a mesma energia e atividade que caracterizaram a carreira do astro em mais de meio século nos palcos.

Sem parar e em busca de novas composições, Dylan continua com uma nova etapa de sua "turnê sem fim" que começará em algumas semanas, na qual apresentará seu último disco, "Fallen Angels".

Robert Allen Zimmerman, nascido em Duluth (Minnesota) em 1941, mudou o panorama da música americana em várias ocasiões e conta com algumas das canções pelas quais o século XX será lembrado, como "Subterranean Homesick Blues", "Forever Young", "A Hard Rain's A-Gonna Fall" e "Maggie's Farm".

Mesmo assim, Dylan parece incapaz de abandonar o palco. Foram 92 shows em 2014 e 87 no ano passado. Desde 1988, o cantor tem média anual de cem apresentações e o maior intervalo foi de apenas três meses.

Conhecido pela alergia à imprensa, em uma de suas entrevistas mais recentes, concedida em 2015 à revista "AARP", focada em um público formado por pessoas acima dos 50 anos, Dylan comentou a passagem do tempo.

"Olha, ela te faz maior. A paixão é uma coisa dos jovens, os jovens podem ser apaixonados. Os idosos têm que ser mais sábios. Quero dizer, você está por aqui um tempo, deixa certas coisas para os jovens. Não tente agir como se fosse jovem", disse à época. Com 37 álbuns no currículo, o cantou destacou a importância de ter "o tempo como um companheiro".

Ganhador de dez prêmios Grammy, um Oscar e o Príncipe das Astúrias das Artes em 2007, foi inclusive candidato ao Nobel de Literatura em várias ocasiões, a última em 2014. Como consequência, Dylan já não é só um músico, é a lenda de um músico.

Em março passado, a George Kaiser Family Foundation (GKFF) anunciou que um surpreendente arquivo secreto com décadas de documentos de Dylan, que inclui gravações desconhecidas, manuscritos e instrumentos, será instalado na cidade de Tulsa, no estado de Oklahoma (EUA), ao lado do Woody Guthrie Center da cidade.

Dylan sempre considerou Guthrie, nascido em Oklahoma e um dos principais músicos dos EUA nas décadas de 1940 e 1950, como grande ídolo e a motivação para começar a compor.

Em 1969, em uma conversa com a revista "Rolling Stone", batizada em referência a uma de suas canções, "Like a Rolling Stone", Dylan se mostrou displicente com a responsabilidade que começava a ser atribuída a ele.

"Não quero que ninguém fique obcecado, especialmente sobre mim ou qualquer coisa que eu faça", afirmou quando já contava com nove discos na carreira.

Tudo indica que Dylan não teve sucesso neste aspecto, e sua influência impregnou inclusive decisões judiciais nos Estados Unidos.

Uma análise de 2007, dos estudos de "dylanologia" criados por fãs, mostrou que suas letras tinham sido citadas em decisões de juízes e advogados em 186 ocasiões.

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