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Centenário do samba marca segundo dia do carnaval paulistano

07/02/2016 07h53

Otávio Nadaleto.

São Paulo, 7 fev (EFE).- A segunda noite de desfiles do Grupo Especial do carnaval de São Paulo não poderia ter começado de uma forma mais brasileira: homenageando os cem anos do samba no desfile da escola Unidos do Peruche.

A chuva, que pouco antes do desfile caía de forma intermitente, parou no momento em que os quase 2.800 membros da Peruche entraram na concentração do Sambódromo do Anhembi.

Com um atraso de 15 minutos o alarme que indica a abertura das portas soou para a entrada da escola paulistana, que abriu o segundo dia de carnaval e que estava ansiosa para começar sua festa dedicada ao samba.

Bastou a bateria começar a tocar para que os cerca de 30 mil espectadores entrassem no clima da procissão de instrumentos vivos e com passistas abrindo espaço na avenida.

A segunda ala enalteceu as raízes negras do ritmo brasileiro, lembrando os antigos escravos que de Salvador fizeram do Rio de Janeiro seu lar, de onde, através da música, cantaram o sofrimento de seus antepassados em ritmo do samba.

Carmen Miranda, "a pequena notável", apesar de portuguesa de nascimento, foi quem mais representou o Brasil e o samba nos Estados Unidos e no mundo, e o carro alegórico em sua homenagem abriu espaço para a lembrança de outras importantes figuras do ritmo, como Noel Rosa, Cartola e Adoniram Barbosa.

Mas nem tudo foi como tinha sido planejado para a volta da escola ao grupo de elite do carnaval paulistano: Ju Isen, uma de suas musas, tirou a roupa em frente às câmeras em protesto por não ter sido autorizada pela direção da escola a vestir um tapa-sexo com uma mensagem.

O texto dizia "pró-impeachment da presidente Dilma Roussef". Isen foi retirada da pista por membros da própria escola, acatando a determinação dos organizadores.

Depois, a Império da Casa Verde ocupou a passarela com seu desfile "questionador": o Santo Graal, a cidade de Atlântida e diversos mistérios da humanidade foram o tema da escola bicampeã de São Paulo.

Já invadindo a madrugada do domingo, a Acadêmicos do Tucuruvi cantou as festas religiosas brasileiras e toda sua diversidade.

O desfile da Mocidade Alegre também homenageou o centenário do samba, mas foi carregada de misticismo: leões, fogueiras e outros elementos de Xangô chamaram a atenção, principalmente no carro abre-alas.

Os desfiles mais esperados da noite foram os da Vai-Vai, a maior vencedora de São Paulo e atual campeã, com o enredo "Da França até o Anhembi"; que falou da Torre Eiffel até o futebol, passando pelo Moulin Rouge e a aviação.

A Dragões da Real (ligada ao time do São Paulo) levou para a avenida o ritual de presentear, contado a partir do ponto de vista do presente.

O encerramento dos desfiles ficou por conta da X-9 Paulistana, que homenageou os 400 anos da cidade de Belém, no Pará. O energético e afrodisíaco açaí, os pontos turísticos dessa cidade do norte do país e o Círio de Nazaré, a maior festa católica do país, estavam presentes na narrativa.

A expectativa, agora, está nos desfiles do Rio de Janeiro, previstos para as noites deste domingo e de segunda-feira na Marquês de Sapucaí.

A escola vencedora do Carnaval de São Paulo 2016 será conhecida após a apuração dos votos dos jurados, que acontece na terça-feira. Na próxima sexta-feira acontece o desfile das campeãs, que traz as melhores escolas de volta ao sambódromo do Anhembi.