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Principal coleção de arte popular do país se esforça para atrair visitas

Fachada do Museu Casa do Pontal, localizado no Recreio dos Bandeirantes no Rio de Janeiro - Divulgação
Fachada do Museu Casa do Pontal, localizado no Recreio dos Bandeirantes no Rio de Janeiro Imagem: Divulgação

29/10/2015 06h06

O museu que conta com aquela que é considerada a principal coleção de arte popular do Brasil, com 8 mil obras de 200 artistas, tem que fazer constantes esforços para atrair visitantes e vencer as dificuldades por sua localização pouco conhecida do grande público.

Trata-se do Museu Casa do Pontal, que fica em um sítio de 5 mil metros quadrados entre o maciço da Pedra Branca e a Prainha, no bairro do Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, a cerca de 40 quilômetros do centro da cidade.

Atividades culturais paralelas, exposições temporárias em outras cidades e países, acordos para receber excursões de escolas, um serviço de ônibus para buscar turistas em hotéis e visitas guiadas por um trovador popular são algumas das estratégias utilizadas pelo museu para atrair visitantes.

"Temos como grande desafio superar a distância do museu em relação ao centro da cidade e sua localização em um lugar com poucas opções de transporte público", disse a diretora e curadora do Museu Casa do Pontal, Angela Mascelani.

Obra do acervo do Museu Casa do Pontal (RJ) - Divulgação - Divulgação
Obra do acervo do Museu Casa do Pontal (RJ)
Imagem: Divulgação
Apesar da distância e de se tratar de uma atração pouco conhecida até para os próprios cariocas, Mascelani afirmou que os 40 mil visitantes por ano, dos quais 25% são estrangeiros, transformam o museu em um dos mais visitados do Rio de Janeiro.

Méritos não faltam a esta instituição fundada há 40 anos para chamar a atenção. Sua coleção, declarada Patrimônio Artístico e Cultural do Rio em 1991, foi reunida nas viagens que o pintor francês Jacques Van de Beuque fez durante 40 anos a 24 estados brasileiros.

As obras, que retratam as atividades cotidianas, festivas e religiosas do povo brasileiro, foram elogiadas por artistas como o falecido escritor português José Saramago e o cantor Gilberto Gil.

Seu prestígio o transformou em membro, como representante do Brasil, do comitê intergovernamental da Unesco, responsável por avaliar as candidaturas a Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Apesar de sua riqueza e importância cultural, a grande maioria dos visitantes que chega ao casarão que funciona como sede é atraída pelos próprios projetos desenvolvidos pelo museu para se promover, e não por um interesse repentino.

"Nosso programa educacional para oferecer visitas encenadas e musicalizadas à exposição permanente atrai uma média de 20 mil estudantes por ano", metade do total de visitantes, explicou a diretora ao se referir à visita que é guiada por um trovador popular acompanhado por seu violão.

O museu também é destino de um percurso turístico de ônibus com guia bilíngue conhecido como Do Leme ao Pontal, que busca turistas em hotéis e passa por todas as praias do Rio até a do Pontal, próxima da instituição, onde os visitantes também ganham direito à visita musicalizada.

Para divulgar sua coleção, o museu também organiza exposições temporárias, em outros países, de parte de seu acervo. Nos últimos 40 anos, realizou praticamente uma exposição por ano em 14 países. Apenas as mostras de 2011 atraíram 70 mil pessoas.

"Os eventos paralelos que realizamos no museu reúnem centenas de participantes. Em novembro, por exemplo, inauguraremos uma exposição temporária com obras de 53 artistas e um espetáculo de (o músico) Otto", afirmou.

Os responsáveis pelo museu esperam que todos esses esforços deixem de ser necessários em três anos, quando a instituição se mudará para um terreno de mais fácil acesso cedido pela prefeitura na vizinha Barra da Tijuca.

"A Prefeitura nos cedeu um terreno muito bem localizado e de bom acesso. Estamos na fase de desenvolvimento do projeto do novo museu antes de definir quem o construirá e quando", disse a gerente administrativa do museu, Tida Ortigão.