Autor de "Akira" recorda tsunami em mural "cyberpunk" de aeroporto japonês

O desenhista japonês Katsuhiro Otomo, autor do manga "Akira", desenhou um mural gigante para o aeroporto de Sendai (norte do Japão) que relembra o tsunami que devastou a região em março de 2011.

"Akira" se tornou mais conhecido no ocidente pelo longametragem de animação de 1988, um ícone da estética futurista do "cyberpunk", subgênero da ficção científica caracterizada por um futuro de alta tecnologia e distópico, com temas como cibernética, delinquência e quebra da ordem social.

O mural, cujo desenho já foi revelado, mistura o característico estilo cyberpunk de Otomo com elementos da mitologia japonesa, e será exibido no saguão principal do aeroporto em março de 2015, confirmou nesta quarta-feira (8) à Agência EFE a empresa encarregada do projeto.

A inauguração coincidirá com o quarto aniversário da catástrofe natural que castigou Japão em 2011 e deixou quase 19 mil mortos ou desaparecidos.

A obra representa uma cena fantástica onde aparece um personagem nu montado sobre um peixe voador robótico, as divindades xintoístas Fujin (deus do trovão) e Raijin (deus do vento) e uma agitada onda que lembra a "A grande onda de Kanagawa", do mestre de gravura japonês Hokusai.

Além de uma homenagem ao venerado artista japonês, a imprensa japonesa vê no projeto uma alusão ao tsunami que causou danos neste aeroporto da região japonesa de Miyagi, onde Otomo nasceu.

Atualmente, dez artesãos trabalham no mural realizado em alto-relevo com cerâmica pintada à mão e cuja superfície terá 24 metros quadrados, segundo o portal japonês de notícias "Atpress".

A obra é financiada pela Associação de Loteria japonesa e pela organização Japan Traffic Culture Association, que patrocina a instalação de obras de arte em aeroportos e estações ferroviárias do país.

Otomo, de 60 anos, é conhecido principalmente pelo mangá pós-apocalíptico "Akira" e sua adaptação ao cinema em 1988. Entre outros trabalhos, dirigiu os filmes de animação "Steamboy" (2004) e "Musishi" (2006). Sua trajetória foi reconhecida com prêmios como o de animação Winsor McCay e a Medalha de Honra do governo japonês.