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Argentina começa ano de homenagens a Cortázar em aniversário de sua morte

O escritor argentino Júlio Cortázar, em foto de 1976 - Reprodução
O escritor argentino Júlio Cortázar, em foto de 1976 Imagem: Reprodução

Em Buenos Aires

11/02/2014 20h15

O 30°aniversário da morte de Julio Cortázar marca na Argentina o começo de um ano de homenagens pelo centenário do nascimento do autor de "O Jogo da Amarelinha", uma das figuras mais emblemáticas do boom da literatura latino-americana.

De amanhã, quarta-feira (12), quando se completa o aniversário de sua morte e durante os próximos seis meses, haverá em Buenos Aires um amplo programa de atividades, que terão especial relevância em agosto, mês no qual escritor completaria 100 anos no dia 26.

"O maior festejo faremos em seu nascimento porque gostamos mais festejar os nascimentos do que as mortes", explicou à Agência Efe Rodolfo Hamawi, diretor de Indústrias Culturais do governo argentino.

Sobre sua morte em Paris, em 12 de fevereiro de 1984, Hamawi lembrou que nesse dia, contou o escritor argentino Carlos Polimeli na biografia "Cortázar para principiantes", houve uma invasão de borboletas coloridas sobre Buenos Aires.

"Era um domingo e foi um fato excepcional que nunca se repetiu. É algo simbólico, mas não cabe a qualquer autor essa analogia, que no dia da morte as borboletas invadam Buenos Aires", disse o responsável pelas celebrações do "Ano Cortázar".

A capital argentina, onde o escritor passou boa parte de sua vida e com a qual teve uma contraditória relação, assim como com Chivilcoy, onde viveu por cinco anos como professor de literatura, sediarão as principais homenagens.

A Secretaria de Cultura da presidente argentina, a Televisão Pública argentina, o Museu Nacional de Belas Artes, a Biblioteca Nacional, o Museu do Livro e da Língua, e a prefeitura de Chivilcoy, trabalharam na elaboração das atividades que homenagearão o autor nascido em Bruxelas, na Bélgica.

No Salão do Livro de Paris, em março, a Argentina é o país convidado de honra.

O evento literário francês será palco de uma mostra fotográfica com 15 imagens inéditas realizadas por Sara Facio, autora dos retratos mais conhecidos de Cortázar, e de outros personagens ilustres da cultura argentina.

Também no Salão do Livro de Paris, o desenhista Miguel Rep pintará um mural, ao vivo por dois dias, em que ilustrará a linha de tempo da vida e da obra de Cortázar.

Em agosto, coincidindo com o centenário de seu nascimento, acadêmicos e escritores argentinos e internacionais tratarão de desentranhar o universo literário do autor de "Bestiário" nas jornadas "Leituras e releituras de Cortázar", na Biblioteca Nacional de Buenos Aires.

O Museu Nacional de Belas Artes da capital argentina receberá pela primeira vez, a partir de junho, uma coleção pessoal do escritor, integrada por mais de cinco mil peças fotográficas, documentação em papel e vários filmes em super 8.

Já o Museu do Livro e da Língua exibirá até outubro "Rayuela: uma mostra para armar", uma proposta interativa e lúdica sobre uma das obras mais relevantes da literatura latino-americana, que marcou um ponto de inflexão na narrativa em espanhol.

Na Casa Nacional do Bicentenário a relação de Córtazar com o cinema e a música será revisitada com uma mostra de historias baseadas em sua obra.

Os fãs poderão participar de um concurso de roteiros em que o vencedor realizará um curta, entre quatro e sete minutos, que será transmitido pela Televisão Pública, em plataformas digitais e pelo celular.

O roteiro e a obra ganhadora servirão também de argumento para desenvolver um videogame.

Fora da capital argentina, na cidade da província de Buenos Aires de Chivilcoy, onde o autor viveu de 1939 a 1944, será aberto o Museu Cortázar, um espaço cultural que receberá mostras permanentes e oficinas e cursos relacionadas a sua obra.