Federação de Jornalistas condena pressão à imprensa no caso Snowden

Bruxelas, 21 ago (EFE).- A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) considerou nesta quarta-feira que as pressões recebidas pela imprensa britânica após as revelações do ex-técnico da CIA, Edward Snowden, constituem um ataque à liberdade de expressão e um grave abuso da lei.

A FIJ denunciou a detenção durante nove horas em um aeroporto de Londres do brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista que divulgou as informações vazadas por Snowden, e a destruição de documentos do jornal "Guardian", que publicou a informação de Snowden.

A federação reivindicou a revisão das normas antiterroristas na Europa, em comunicado conjunto com a Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) e o sindicato nacional de jornalistas de Reino Unido e Irlanda.

A FIJ explica que a legislação atual permite reter e interrogar viajantes sob o pretexto de prevenir o terrorismo e que os afetados não têm direito a permanecer em silêncio ou receber assessoria jurídica, podendo permanecer detidos por até nove horas.

Miranda assegura que durante o tempo que permaneceu detido não foi feita nenhuma pergunta sobre terrorismo, mas se viu obrigado a revelar senhas de contas de e-mail e redes sociais e teve seu equipamento eletrônico confiscado.

Após este incidente, o editor do "Guardian", Alan Rusbridger, revelou que o governo britânico o obrigou a "devolver ou destruir" o material obtido de Snowden e que apagou dois discos rígidos na presença de analistas de segurança.

"Estamos consternados e profundamente preocupados pelos fatos ocorridos no Reino Unido nos últimos dias", declarou o presidente da FIJ, Jim Boumelha, em comunicado. "A detenção de David Miranda e as revelações do 'Guardian' são indícios claros de que houve um abuso das leis antiterroristas no país".

Boumelha considerou que estes eventos levantam perguntas cruciais sobre o uso da legislação que permite esses interrogatórios, assim como sobre o papel dos ministros britânicos no ocorrido. "Apoiamos que o parlamento britânico cheque quem e por que foi pedido ao 'Guardian' que destruísse os documentos".

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