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Artista usou cinzas de campo de concentração para pintar quadro

23.jul.2004 Pessoas participam da cerimônia que marca o 60º aniversário da liberação dos campos de morte nazistas no memorial Majdanek, na cidade de Majdanek, na Polônia  - Czarek Sokolowski/AP Photo
23.jul.2004 Pessoas participam da cerimônia que marca o 60º aniversário da liberação dos campos de morte nazistas no memorial Majdanek, na cidade de Majdanek, na Polônia Imagem: Czarek Sokolowski/AP Photo

11/12/2012 14h47

O artista sueco Carl Michael von Hausswolff, autor de um polêmico quadro pintado com as cinzas do campo de concentração de Majdanek (Polônia), pegou o material sem a autorização das autoridades locais, que esperam agora que se determine se houve roubo e profanação dos restos.

"Claro, o pintor sueco não pegou as cinzas de forma legal", declararam nesta terça-feira à Agência Efe representantes do museu localizado no antigo campo de concentração, afirmando que também não tinham notícia de que alguém havia levado as cinzas do local.

O controverso artista expôs há duas semanas o polêmico quadro, elaborado a partir de uma mistura de cinzas de vítimas de Majdanek e água.

A obra gerou uma grande polêmica na Suécia, onde o jornal "Sydsvenskan" chegou a publicar uma carta aberta crítica assinada por um parente de vítimas do Holocausto.

Von Hausswolff explica no site da galeria Martin Bryder (na cidade sueca de Lund), onde foi exposta a obra, que as cinzas foram colhidas durante uma visita ao campo de concentração-museu de Majdanek no ano de 1989, embora não dê detalhes do que fez com elas.

O artista, que conta que durante anos foi incapaz de tocar nas cinzas, afirma que seu trabalho contém a energia dessas cinzas, as lembranças e as almas das pessoas torturadas e assassinadas nos conflitos mais cruéis do século XX.

Durante a II Guerra Mundial estima-se que cerca de 150 mil pessoas tenham morrido nesse campo de concentração alemão.

Além disso, nos arredores de Majdanek aconteceu um dos maiores massacres do conflito, quando mais de 40 mil pessoas, incluindo 20 mil prisioneiros do campo, foram queimadas em um só dia pelas autoridades nazistas.

Depois da liberação do recinto, os restos de suas vítimas, que estavam por espalhados por todo o campo, foram recolhidos e empilhados até 1969, quando se construiu um mausoléu coberto por uma cúpula de concreto, informou o museu.