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Tijuca viaja pela Alemanha e Ilha homenageia Vinicius de Moraes na Sapucaí

Quadro "Cabeça de Mulher", de Picasso - Reprodução
Quadro "Cabeça de Mulher", de Picasso Imagem: Reprodução

11/02/2012 10h07

Jaime Ortega Carrascal.

Rio de Janeiro, 11 fev (EFE).- A cultura e as tradições da Alemanha se misturaram com a poesia de Vinicius de Moraes e a irreverência do rock no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro que terminou na madrugada desta segunda-feira.

A Unidos da Tijuca, que busca renovar o título do ano passado, apresentou um belo desfile, apesar de alguns problemas técnicos com os carros, dedicado aos encantos da Alemanha, em que fez uma viagem pela história do país, de suas origens mitológicas até a atualidade.

A "comissão de frente" representou o poder do deus Thor, e um dos efeitos especiais que fazem a fama da escola fez o martelo do personagem mítico flutuar.

Ao longo do desfile, a escola mostrou os principais ícones da identidade e das lendas germânicas, como valquírias, elfos, gnomos, magas, selvas encantadas, a obra de Bertold Brecht, de Goethe, de Beethoven e de Wagner, os contos dos Irmãos Grimm e até o flautista de Hamelin.

Também não faltaram representações dos avanços tecnológicos da Alemanha, como o Zeppelin, a poderosa indústria automotiva e a gastronomia.

O desfile da Unidos da Tijuca, que cruzou a Marquês de Sapucaí com a bateria toda vestida no traje típico bávaro, fechou com um espetacular carro alegórico que representava a Oktoberfest e a indústria cervejeira, em que dezenas de dançarinos dourados pareciam gotas da bebida.

Mas a escola, uma das favoritas ao título, teve problemas mecânicos com vários de seus maiores carros, e em um deles os bombeiros controlaram um início de incêndio.

Depois da viagem pelo universo alemão, o sambódromo voltou à cultura brasileiras com a União da Ilha do Governador, que encenou a vida e a obra de Vinicius de Moraes, já que neste ano se comemora o centenário de nascimento do "Poetinha".

O período da infância que passou na Ilha, suas facetas como jornalista, crítico e produtor de cinema, dramaturgo, compositor e diplomata foram lembradas no desfile, que teve a presença de Toquinho, um dos maiores parceiros de Vinicius.

A escola lembrou o vínculo cultural do poeta com Copacabana e Ipanema, além de sua contribuição à Bossa Nova. Um dos principais carros exibiu Helô Pinheiro, a eterna "Garota de Ipanema".

Outro desfile dedicado à música foi o da Mocidade Independente de Padre Miguel, que uniu o samba e o rock com um enredo dedicado ao Rock in Rio.

Um carro cheio de covers de Freddie Mercury, que se apresentou com o Queen na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, e outros que representavam Elton John e Stevie Wonder chamaram a atenção do público.

A Mocidade também lembrou as edições do festival em Madri com touros vestidos de roqueiros, ciganos e outros ícones espanhóis, e a de Lisboa, com uma reprodução do Monumento aos Navegantes.

O Salgueiro, por sua vez, dedicou seu desfile à fama, para o qual recorreu a personagens da antiguidade como Tutancâmon, Cleópatra e Alexandre, o Grande, e outros bem mais recentes como Pablo Picasso, Frida Kahlo e Che Guevara.

A noite foi aberta pela Inocentes de Belford Roxo, estreante no Grupo Especial que cantou as lendas e tradições da Coreia do Sul, assim como sua força econômica e tecnológica, para celebrar os 50 anos da chegada dos primeiros emigrantes do país ao Brasil.

O encerramento foi com a Portela, tradicional escola que em abril completará 90 anos e que dedicou seu desfile a Madureira, bairro do subúrbio carioca onde a agremiação nasceu, em 1923.

Em sua homenagem ao bairro como um dos berços do samba, a Portela destacou Paulinho da Viola, que desfilou em um carro especial e representou o popular Mercadão de Madureira, o maior mercado popular do Rio de Janeiro.

Os desfiles continuam na noite desta segunda-feira com as apresentações de São Clemente, Mangueira, Beija-Flor, Grande Rio, Imperatriz Leopoldinense e Vila Isabel.