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Diretor de "Avatar" vê salvação do planeta em produtos veganos

O diretor de "Avatar", James Cameron - Tommaso Boddi/Getty Images
O diretor de "Avatar", James Cameron Imagem: Tommaso Boddi/Getty Images

Tom Metcalf

03/06/2019 15h10

James Cameron prosperou com desastres e distopias ao longo de seus 40 anos de carreira. Mas, quando se trata de investimento pessoal, o diretor de Hollywood aposta em um futuro melhor.

Cameron, cujos filmes arrecadaram cerca de US$ 6 bilhões em todo o mundo, e sua esposa Suzy Amis Cameron têm focado cada vez mais o family office do casal em investimentos em produtos à base de plantas, como uma fazenda de orgânicos na Nova Zelândia e uma fábrica canadense que produz concentrados de proteína de ervilhas e lentilhas.

"Desde o momento em que passamos a focar em produtos à base plantas, nosso mundo deu um giro de 180 graus", disse Amis Cameron em entrevista em abril. "Começamos a analisar nossos investimentos, nossas oportunidades de negócios. Agora, com exceção dos filmes de Jim, tudo passa por uma lente à base de plantas."

Cada vez mais investidores têm apostado no segmento devido à maior importância que consumidores mais jovens dão à sustentabilidade quando se trata do que consomem. As vendas no varejo de produtos à base de plantas substitutos da carne aumentaram quase 25%, para estimados US$ 770 milhões nos 12 meses encerrados em agosto de 2018 em relação ao ano anterior, segundo um relatório publicado em fevereiro pelo Rabobank. As vendas de alternativas veganas para produtos como leite, queijo e iogurte são estimadas em US$ 4,1 bilhões.

Os Cameron fundaram a Verdient Foods, cuja unidade em Saskatchewan, no Canadá, processa proteínas vegetais usadas para fazer produtos como massas, molhos e manteiga. Recentemente, a empresa formou uma joint venture com a refinaria americana Ingredion. A Cameron Family Farms, localizada no interior de South Wairarapa, na Nova Zelândia, cultiva legumes e frutas. A visão do casal para uma empresa de alimentos integrada verticalmente abrange a produção das próprias sementes.

Para os Camerons, esses investimentos estão alinhados com o foco nas mudanças climáticas. O setor agrícola produz cerca de um quarto de todos os gases de efeito estufa, perdendo apenas para a geração de energia.

Um relatório de 2018 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas alertou sobre a seca, temperaturas extremas e o aumento do nível do mar com base no atual ritmo das mudanças climáticas. Entre as recomendações estava a adoção de dietas menos intensivas em recursos. Um artigo publicado no ano passado na revista Science mostrou que a produção de carne e produtos lácteos utiliza cerca de 83% das terras agrícolas e contribui com cerca de 60% das emissões de gases de efeito estufa da agricultura, apesar de fornecer apenas cerca de um quinto das calorias.

*Com a colaboração de Blake Schmidt.