Topo

"Sempre sinto saudades": o autodidata de 16 anos eleito "Fotógrafo do Ano"

03/11/2015 09h23

Um fotógrafo de 16 anos está causando sensação na Europa pela qualidade de seu trabalho e seu precoce percurso autodidata.

David Uzochukwu pegou pela primeira vez uma câmera quando tinha dez anos. Aos treze, as fotos de viagens de família feitas com o equipamento barato da mãe deram lugar a elaborados autorretratos conceituais.

Dois anos mais tarde, em 2014, foi eleito 'Fotógrafo do Ano' entre 15 mil competidores de 150 países no prestigioso concurso EyeEm, realizado em Berlim.

"No minuto que descobrimos o perfil de David entre os candidatos soubemos que estávamos diante de algo especial", afirmou à BBC Brasil Severin Matusek, membro do júri do concurso, que descreve Uzochukwu como "um artista excepcional".

"Aos 15 anos, ele era capaz de criar com suas fotos uma atmosfera única, que gera imediatamente uma conexão emocional entre o sujeito, que muitas vezes é ele próprio, e o público."

O trabalho do jovem já foi exposto em galerias em Paris, Nova York, Toronto, Duesseldorf, Tóquio e Londres, conquistou os prêmios Canon x Exhibitr Student Photography Award e Flickr 20 Under 20.

Também chamou a atenção da agência francesa Iconoclast Image, que desde o começo do ano representa Uzochukwu.

Mas para o artista, a fotografia segue sendo um hobby, mais que um trabalho."Só fotografo o que me dá prazer. No vejo sentido em fazer um trabalho com o qual não possa me identificar. Quero oferecer um trabalho sincero. E por enquanto não tenho contas a pagar", disse em entrevista à BBC Brasil.

"Meu negócio sempre foi tentativa e erro, e alguns tutoriais online. Acho divertido descobrir uma ferramenta com o tempo, experimentando", explicou.

Para ter liberdade para refazer uma mesma imagem repetidas vezes, Uzochukwu optou por começar a fotografar autorretratos.

Suas fotos foram associadas a sensações como melancolia, influenciadas, talvez, pelas experiências de vida do jovem nascido na Áustria de pai nigeriano e mãe austríaca, ambos sem qualquer conexão com o mundo da arte.

Uzochukwu se mudou para Bruxelas há pouco mais de um ano em companhia da mãe e da irmã, deixando o pai em Luxemburgo, para onde a família tinha se mudado quando o garoto tinha seis anos.

"Tudo isso me moldou. É de partir o coração e, ao mesmo tempo, rejuvenescedor ter uma visão interior de diferentes países e cidades com atmosferas muito diferentes. Também faz com que eu sempre sinta saudade de alguém", explicou à BBC Brasil.

Atualmente, Uzochukwu cursa o último ano do ensino secundário e divide seu tempo livre entre a fotografia e em preparar cartas se candidatando a vagas em universidades.

"Estou procurando faculdades de cinema, mas também considero aulas de filosofia ou biologia. Eu meio que só quero aprender!", afirma.