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Com apoio de empresas privadas, Rio quer triplicar receita do Carnaval

O bloco Orquestra Voadora desfilou no Aterro do Flamengo - Marcelo de Jesus/UOL
O bloco Orquestra Voadora desfilou no Aterro do Flamengo Imagem: Marcelo de Jesus/UOL

Roberta Pennafort

19/06/2017 20h16

Marcelo Alves, presidente da Riotur, órgão da prefeitura do Rio que realiza os desfiles das escolas de samba, disse nesta segunda-feira (19) que, ao buscar o apoio de empresas privadas para a festa, pretende triplicar a receita advinda do Carnaval carioca.

O prefeito Marcelo Crivella (PRB) está em guerra com as escolas de samba do Grupo Especial desde que anunciou que irá cortar R$ 1 milhão do subsídio para os desfiles, que era de R$ 2 milhões até este ano. Ele alega necessitar do dinheiro para alocar em creches municipais.

O presidente da Riotur negou que a prefeitura lucre muito com os desfiles das escolas. Disse que dos R$ 3 bilhões que são movimentados na cidade durante a folia, apenas 3% vão para os cofres municipais, o que totaliza R$ 90 milhões. Como o município arca com um custo de R$ 55 milhões para a realização na festa, o que inclui gastos com a limpeza das ruas e a alocação de equipes de saúde, Alves afirmou que não há uma receita vultosa.

Alves também afirmou que a prefeitura não tem condições financeiras de manter os R$ 2 milhões atuais (R$ 26 milhões, somando as 13 escolas atualmente no Grupo Especial), cifra à qual se chegou porque a gestão anterior, de Eduardo Paes (PMDB), decidiu encampar o que no passado era desembolsado pelo Estado e pela Petrobras (o governo e a estatal faziam repasses às escolas antes de crise, e depois os suspenderam).

"Temos que ouvir as empresas privadas. Elas querem participar do Carnaval, desde que tenham uma contrapartida, resultados. O evento precisa ser repensado. É um momento de quebra de paradigmas. A potência dos desfiles vai trazer resultados", declarou.

No fim desta tarde, Alves teve um encontro com o presidente da Liga Independente das Escolas (Liesa), Jorge Castanheira, para tentar resolver o imbróglio. As escolas, que apoiaram Crivella durante a campanha eleitoral, ano passado, agora se sentem traídas, e ameaçam não desfilar em 2018.

"Meu discurso hoje será de alinhar esse caminho. Eu sou um profissional de marketing, apaixonado pelo Carnaval. Estou há 30 anos trabalhando no Carnaval. Temos que sentar para conversar para poder crescer. Tem tudo para isso acontecer, mas precisa haver um consenso com a Liga", garantiu.

Alves disse também que não é verdade que a movimentação financeira da Liesa e das escolas seja uma caixa preta.

"A Liga é muito rigorosa na prestação de contas. O que está faltando agora (da prestação do último Carnaval) são R$ 100 mil de cada escola", disse, tentando acalmar os ânimos dos dirigentes. "Essa é uma polêmica desnecessária. Vai ter carnaval, e vai ser maior e melhor."