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Romance adulto de J.K. Rowling fala sobre sexo, drogas e política

Capa do livro "The Casual Vacancy", de J. K. Rowling - Reprodução
Capa do livro "The Casual Vacancy", de J. K. Rowling Imagem: Reprodução

25/09/2012 11h26

Ambientado em um vilarejo imaginário e cheio de intrigas políticas, muito longe do mundo mágico de Harry Potter, o primeiro romance adulto de JK Rowling começa a ser vendido na quinta-feira no Reino Unido, com um sucesso comercial garantido pela demanda popular.

A escritora britânica, que já vendeu mais de 450 milhões de cópias da saga do menino bruxo, cujo último volume foi lançado em 2007, pode contar com seus fãs leais quando "The Casul Vacancy" (A vaga acidental) chegar às livrarias.

Os pedidos antecipados ultrapassam um milhão de cópias e os livreiros britânicos esperam que a ficção se torne a mais vendida do ano.

"É um dos maiores lançamentos do século XXI", disse à AFP Philip Stone, diretor das listas de best-sellers da revista The Bookseller. "Eu acredito que 99,9% de nós (do setor) prevemos que irá diretamente para o número um dos mais vendidos", acrescentou.

A bilionária JK Rowling, de 47 anos, não terá, portanto, nenhum motivo para se preocupar se os críticos não gostarem de sua primeira incursão no romance para adultos.

"Eu sou a escritora mais livre do mundo. Posso fazer o que eu quiser", declarou recentemente ao The Guardian. "Se todo mundo disser, 'bem, é terrivelmente ruim, volte para seus magos', obviamente não darei uma festa, mas vou sobreviver", acrescentou.

A nova editora de Rowling, a Little, Brown, divulgou alguns detalhes do texto, e outros foram comentados pelo seleto grupo de jornalistas que teve acesso ao livro, sob uma segurança semelhante ao do auge da Pottermania.

O romance, que transcorre em Pagford, uma cidade aparentemente idílica no sudoeste da Inglaterra, começa com a morte de um vereador local.

Esta morte faz com que uma parte dos moradores comece a planejar um esquema para encontrar um substituto que simpatize com a sua causa: libertar a classe média da convivência com um sórdido conjunto habitacional.

"Nossa sociedade é extremamente esnobe e este é um bom filão. A classe média é muito engraçada", disse JK Rowling ao Guardian.

O livro, que aborda questões como a dependência de heroína, prostituição, família monoparental e o desejo adolescente, é uma mudança radical em relação aos seus sete romances de fantasia sobre os bruxos adolescente que enfrentam o malvado Voldemort.

"Há algumas coisas que não estão na literatura de fantasia", explicou à revista New Yorker. "Não há sexo entre unicórnios. É uma regra estrita. É de mau gosto".

Mãe de três filhos, hoje JK Rowling é uma loira glamourosa com mansões em Edimburgo e Londres. Sua fortuna é estimada em 560 milhões de libras (907 milhões de dólares), de acordo com o Sunday Times, graças aos oito filmes, parques temáticos, brinquedos e videogames inspirados pela saga.

Mas no início dos anos 1990, quando escreveu seu primeiro romance de Harry Potter em cafés de Edimburgo, era uma mãe solteira, que lutava com a depressão e sobrevivia graças a subvenções públicas com sua filha, fruto de um casamento desastroso com um jornalista português.

Essa experiência foi uma das inspirações para "The Casual Vacancy", assim como ter passado a sua juventude em uma cidade como Pagford.

"Lembrei-me claramente do que é ser uma adolescente, e não foi um momento particularmente feliz da minha vida", contou ao The Guardian. Sua mãe foi diagnosticada com esclerose múltipla quando ela tinha 15 anos e ela sempre teve uma relação difícil com seu pai.

A escritora trabalha agora em dois outros livros para crianças.

O que fará em seguida dependerá do seu modo de transporte, já que Harry Potter nasceu em um trem e "The Casual Vacancy" em um avião.

"Obviamente, eu tenho que estar em algum tipo de veículo para ter uma ideia decente", concluiu.