Na Flip, escritor Salman Rushdie apoia Brasil em caso de iraniana condenada
PARATY, Rio de Janeiro, Brasil, 6 Ago 2010 (AFP) - O escritor britânico Salman Rushdie manifestou nesta sexta, durante uma feira literária em Paraty (Rio de Janeiro), o seu apoio ao Brasil em seus esforços diplomáticos para tentar salvar a iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento em seu país.
"Ficaria feliz se qualquer nação pudesse ajudar neste caso. Porque isso tem que ser resolvido sem que esta pobre mulher seja executada. Se o governo brasileiro for capaz de ajudar, isso seria uma coisa excelente", disse Rushdie durante uma conversa com jornalistas em Paraty (Rio de Janeiro, sudeste), onde participa de uma feira literária.
Sakineh Mohammadi-Ashtiani, 43 anos, mãe de dois filhos, foi condenada em 2006 por ter mantido uma "relação ilegal" com dois homens, após a morte de seu marido, mas também por "assassinato".
"Soube que os iranianos estão tentando mudar o caso. Por causa dos clamores internacionais contra esta ideia terrível, agora estão inventando um outro pretexto, o que é muito suspeito", considerou.
O próprio escritor britânico de origem indiana também está condenado à norte por uma 'fatwa' - lei islâmica - lançada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, após o lançamento de seu livro "Versos satânicos" (1989).
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva propôs no dia 31 de julho asilo a Sakineh Mohammadi-Ashtiani, um oferecimento apoiado por Washington, mas denunciado pelas autoridades iranianas, para quem a proposta teria sido feita sob emoção.
Rushdie, de 63 anos, considerou que a grande questão envolvendo essas condenações não é religiosa.
"É errado considerar que seja um problema religioso. Nós vemos hoje um problema político que toma a forma de uma questão religiosa", considerou.
Para Rushdie, "o grande problema é que, neste momento, as forças dominantes nas sociedades muçulmanas são muito consevadoras e repressoras".
Mas ele ressaltou que existem movimentos cada vez mais fortes em diversos países islâmicos que lutam por maior liberdade e que ganham um espaço cada vez maior.
"Em cada uma dessas sociedades, há muitas pessoas, principalmente jovens, tentando mudar esta situação. Para onde quer que você vá, há pessoas lutando por uma liberalização", concluiu.
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