Virada Cultural 2015

Virada Cultural 2015: A Virada dos jornalistas do UOL

Do UOL, em São Paulo

Pode ter sido a desaglutinação das atrações no centro de São Paulo, pode ter sido o policiamento ostensivo. O fato é que a Virada Cultural 2015 deixou a sensação de ter sido mais tranquila do que nos anos anteriores. Na conta da Polícia Militar, o número de ocorrências foi menor do que no ano passado, e não houve registro de nenhum crime de maior porte do que roubos e furtos.

Foi uma Virada marcada por protestos, sim: contra a intolerância, contra o ódio religioso, contra a maioridade penal, a favor dos skatistas e até contra o show de Caetano Veloso em Israel. Quem foi ao evento, aproveitou para deixar o seu recado.

A equipe do UOL esteve nas ruas durante as 24h (e um pouco mais) do evento e conta qual foi a impressão que Virada Cultural 2015 deixou em cada um deles. A cobertura completa você acompanha na nossa página especial do evento.

O que nossa equipe viu por lá

Felipe Branco Cruz/UOL
Felipe Branco Cruz/UOL

Felipe Branco Cruz

A impressão que tive ao circular pelas ruas do centro foi a de que a Virada estava mais vazia do que nos anos anteriores. Cheguei ao palco da rua São João às 18h para assistir ao show de Jerry Adriani e poucas pessoas acompanharam. Fui para a praça da República, no Arraial da Inezita, que também estava com pouca gente. De lá, peguei o metrô na estação República, desci na Luz e caminhei até a praça Princesa Isabel. Aí, sim, eu vi bastante gente. A maioria das pessoas estava lá para ver Daniella Mercury, Tiago Abravanel, Lenine e o musical em homenagem ao Charlie Brown Jr. Deu tempo de passar no Galinhódromo, na Praça Roosevelt, para experimentar a famosa galinhada do Dalva e Dito que estava completamente sem filas e com um preço camarada: R$15 a porção de 200g. Embora houvesse policiamento ostensivo, a sensação nas ruas não era de segurança. Antes de ir embora, por volta das 2h30, vi 30 pessoas detidas uma ao lado da outra aguardando averiguação da polícia. As ruas também estavam pouco iluminadas, o que aumentava essa sensação.
Felipe Abílio/UOL
Felipe Abílio/UOL

Felipe Abílio

Nunca tinha tido a oportunidade de curtir uma Virada Cultural. A questão de não me sentir muito seguro nesse tipo de evento fazia com que eu ficasse mais tranquilo em casa. Porém, tudo tem sua primeira fez, e fui escalado para cobrir o palco da estação Julio Prestes, onde Daniela Mercury seria uma das grandes atrações. Percebi uma organização impecável, policiamento ostensivo e gente bacana querendo se divertir. Foi lindo ver todos cantando os sucessos de Daniela juntos.
Leonardo Rodrigues/UOL
Leonardo Rodrigues/UOL

Leonardo Rodrigues

Minha Virada Cultural começou no domingo às 8h, com frio de 15°C e o thrash metal extremo do Korzus na avenida Rio Branco. O problema ali era de infraestrutura: nenhum lugar por perto para tomar café da manhã. Às 10h, durante o bom show de Erasmo Carlos na avenida São João, já era nítido que os "virados" haviam dado lugar a famílias e casais mais velhos. E aos onipresentes skatistas, sempre quase te levando ao chão, junto à sujeira de sempre do centro. No campo gastronômico, as feirinhas do largo São Francisco e do Pátio do Colégio, principais opções do dia, traziam comida boa e gourmet. Às vezes até demais. Um simples cachorro-quente chegava a custar R$ 15. Lado positivo: mesmo em horário de almoço, poucas filas e nem sinal da confusão de outrora no Minhocão.
Marco de Castro/UOL
Marco de Castro/UOL

Marco de Castro

Por volta das 6h da manhã do domingo, a praça Roosevelt estava vazia. Nem parecia que tinha uma Virada acontecendo no centro. Só havia movimento em frente ao bar Parlapatões, reduto de artistas de teatro que nunca fecha. E a impressão era até de que o lugar estava mais vazio do que em manhãs normais de fim de semana. Talvez a culpa fosse do frio, talvez da decisão da prefeitura de neste ano montar palcos em diversos bairros da cidade. Mas o fato é que eu nunca tinha visto uma Virada Cultural tão vazia como na manhã gelada deste domingo. Em uma ronda pelos distritos de polícia, encontrei em alguns deles policiais tranquilos, batendo papo e vendo o tempo passar. Mais tarde, à medida que o sol foi mostrando a cara, pude ver mais gente circulando entre os palcos. Aí, sim, o evento começou a ter cara de Virada Cultural. Não consegui ver muitos shows, mas estive na apresentação de Fafá de Belém no Theatro Municipal. Nunca fui fã da cantora (meu negócio é rock and roll!), mas fiquei impressionado com o show. A voz, a presença de palco e o jeito debochado da Fafá me conquistaram.
Mariane Zendron/UOL
Mariane Zendron/UOL

Mariane Zendron

Para mim, a Virada este ano serviu para discussão de transformações sociais que temos enfrentado. Se no sábado discutiu-se o embate Boechat x Malafaia nos palcos, no domingo o assunto foi a luta contra o ódio religioso. E se, para mim, o que mais se destacou foi a discussão em torno das atrações é porque não sofri com organização e segurança do evento. Andei sozinha pelo Centro em poucos momentos, mas a sensação de insegurança foi menor do que em 2014. Com uma quantidade menor de pessoas, não tive a sensação de descontrole da massa. A parte mais difícil foram os banheiros. Os destinados às mulheres estavam calamitosos durante todo o evento. A solução foi segurar um pouco e usar os banheiros das estações de metrô, em melhores condições.
Tiago Dias/UOL
Tiago Dias/UOL

Tiago Dias

Foi a Virada caipira, da negritude, dos LGBTs, dos ciclistas, das crianças, da "rola" e da vivência no centro de São Paulo. A região ficou mais vazia, o que trouxe tranquilidade e bom espaço de locomoção, principalmente para que curtiu em família, mas sem o brilho das edições anteriores. Nada que não se resolva com as atrações em lugares que passam desapercebido no dia a dia, como o Parque da Luz, que virou uma balada a noite. Como toda maratona, tem que se preparar: não dá para ficar exibindo seu celular de ultima geração (polícia estava presente nas principais vias, mas também não faz milagre), nem confiar nos banheiros químicos, em estado calamitoso no domingo.

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