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"Desculpe desapontá-los, mas sou ateu", disse um descontraído
Ingo Schulze durante a Flip 2008, quando perguntado se as epifanias vividas pelos personagens do livro "Celular" (Cosac & Naify) tinham algo de experiência religiosa. O escritor alemão, que participava da mesa "Formas Breves" ao lado dos brasileiros
Modesto Carone e
Rodrigo Naves, afirmou que "há muitos momentos na vida em que se pode compreender o significado da existência, como quando temos contato com a literatura, que nos permite dialogar com o outro e perceber que não estamos sozinhos".
No início da mesa, Schulze leu um dos contos de "Celular", chamado "Nada de Literatura ou Epifania no Domingo ao Entardecer", no qual o personagem principal acredita ter "compreendido o milagre da existência" quando sua filha lhe mostra uma casca de laranja. Em resposta ao comentário de Carone, que apontou a semelhança da cena com outra de "O Aleph", do escritor argentino Jorge Luis Borges (na qual o personagem encontra uma esfera com todo o significado do mundo no porão de um amigo), Schulze afirmou que a capacidade da literatura de "colocar a epifania no tempo e no espaço" permite que histórias ou idéias ancestrais possam ser sempre recontadas e fazer sentido no presente.
Sobre a influência de ter vivido na Alemanha Oriental em sua literatura,
Ingo Schulze disse que sua geração "não sente culpa" como a anterior, por ter nascido após a separação, mas que a queda do Muro de Berlim em 1989 fez com que a história "se tornasse muito próxima". "Antes, havia muita coisa sobre a qual não podíamos falar, e de repente tudo aquilo veio à tona. Foi como um sonho se tornando realidade, conseguir aquela mudança sem violência, mas nós não estávamos prontos ainda."
Metáforas e artes plásticasO sorocabano
Modesto Carone, conhecido também por suas traduções de Franz Kafka para o português, leu dois contos na mesa: "No Tempo das Diligências", brevíssima história baseada no sonho de uma amiga, e "As Marcas do Real", uma "biografia condensada" do poeta austríaco Georg Trakl.
Questionado pelo mediador Carlos Augusto Calil sobre o porquê de um momento mais "sombrio" de sua literatura em comparação ao quase realismo de "Resumo de Ana" (Cia. das Letras, prêmio Jabuti em 1998), Carone afirmou que, como muitos outros autores e compositores, teve que se valer de metáforas durante o período da ditadura militar. "Eu quis escrever um conto sobre o Erasmo Dias (secretário de segurança pública de São Paulo durante o governo Médici) mas não podia falar abertamente, então falei de um homem que ficava controlando o crescimento das unhas e dos pêlos do corpo, que se dedicava integralmente a um controle impossível." O que o fez adotar um "quase realismo", segundo o autor, foi seu doutorado sobre Georg Trakl, cuja vida extremamente trágica (viciado em drogas, apaixonado pela irmã e médico do exército durante chacinas na Primeira Guerra Mundial) inspirou o conto "As Marcas do Real".
Rodrigo Naves leu o conto "Fábulas", de seu primeiro e único livro publicado, "O Filantropo" (Cia. das Letras), de 2001. Em seguida, apresentou um conto inédito de tom autobiográfico, segundo ele uma "espécie de fracasso" em escrever um romance. Conhecido por seu trabalho como crítico e estudioso de arte, Naves recebeu aplausos da platéia também pela humildade com que descreveu seu trabalho literário, segundo ele uma maneira de "desviar os excessos poéticos" de seu trabalho principal.
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