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03/07/2008 - 21h44

Obcecado por locais e fatos históricos, Nathan Englander participa da Flip; leia entrevista

ADRIANA TERRA

Colaboração para o UOL
Seu primeiro romance, "Ministério de Casos Especiais", recém-lançado no Brasil em 2008 e lançado nos EUA no ano passado, trata de uma família de judeus que sofreu diversas perdas durante a ditadura na Argentina. A cidade de Buenos Aires foi o cenário que o norte-americano de origem judaica Nathan Englander escolheu para ambientar a história. O motivo com o qual ele justifica a escolha -- visto que nunca morou na capital argentina -- é basicamente o mesmo que o impulsiona quando está escrevendo: obsessão.

O autor, nascido em 1970 em Long Island (EUA), está em Paraty (RJ) como convidado da Flip, de onde conversou com o UOL por telefone. Segundo ele, não há nenhuma conexão entre ele e Buenos Aires, exceto o fato de ter ficado obcecado pela cidade. "No fim, você imagina um mundo", conta Englander, que levou quase dez anos para terminar o livro e, durante esse tempo -- garante --, ficou totalmente imerso na história.

John Macdougall / AFP
Capas dos livros "O Ministério de Casos Especiais" (2007) e "Para Alívio dos Impulsos Insuportáveis" (1999), de Nathan Englander
VEJA PROGRAMAÇÃO DA FLIP
Para ele, "O Ministério de Casos Especiais" é "uma metáfora" dos tempos em que viveu em Jerusalém, de como é viver em uma cidade onde a população é totalmente devota ao local, apesar das dificuldades e de "governos que não vão bem".

Há um dia em Paraty, Englander diz se sentir à vontade. "É incrível, você desce de um avião, chega a uma cidade e parece que sempre viveu ali", conta o autor, para quem o evento parece um "acampamento de escritores".

A mesa da qual ele participa, "A Estética do Frio", marcada para esta sexta-feira (4) às 19h, conta com os escritores Martin Kohan, argentino, e Vitor Ramil, brasileiro. Sobre os autores, Englander conta que conversou até o momento da entrevista apenas com Kohan, com quem encontrou diversas afinidades -- inclusive sobre a cidade da qual ele fala em "Ministério de Casos Especiais" e onde Kohan nasceu.

Leia abaixo a entrevista com o autor.

UOL - O que o levou a escrever "O Ministério de Casos Especiais?"
Nathan Englander: Eu vejo muito o livro como uma metáfora dos tempos que passei em Jerusalém, de como era viver em uma cidade complicada, um local onde as pessoas são tão dedicadas à própria cidade. Eu também fiz alguns amigos argentinos quando estive pela primeira vez em Jerusalém, aos 19 anos, eram garotos da minha idade super envolvidos com política, enquanto eu era apenas um garoto norte-americano protegido nos subúrbios, não sabia de nada. Conhecer aquelas pessoas me influenciou muito.

E o livro tem também a história da comunidade judaica que está em todo meu trabalho. Não sei por que minha cabeça funciona dessa maneira, mas eu sou totalmente obcecado pela idéia de governos que não vão bem, pessoas que são injustamente acusadas. É minha própria paranóia, vamos colocar assim.

UOL - A história de "O Ministério de Casos Especiais" se passa em Buenos Aires, quanto tempo você ficou lá?
Nathan Englander: No fim, você imagina um mundo. Eu só estive em Buenos Aires após o colégio, para um casamento, antes mesmo de decidir ser escritor e acho que uns dez anos antes de começar a escrever esse livro. Eu não tenho nenhuma conexão com o lugar exceto o fato de ter ficado obcecado por ele.

UOL - Quanto tempo você levou para terminar o livro?
Nathan Englander: Minha história com esse livro começou em 1999. Foram quase dez anos, sou um velho depois disso.

John Macdougall / AFP
O escritor norte-americano de origem judaica Nathan Englander, um dos convidados da Flip 2008
VEJA PROGRAMAÇÃO DA FLIP
UOL - Qual é sua rotina como escritor?
Nathan Englander: É engraçado, pois agora estou em Paraty, tudo está agradável, estou bebendo... Mas, quando estou trabalhando -- quer dizer, eu sei que aqui também é trabalho, que estou aqui para falar do meu último livro --, mas, quando estou trabalhando na minha casa, eu amo minha rotina, eu quero tomar o mesmo copo de café no mesmo local, me exercitar, ver meus amigos, eu gosto de tudo funcionando da mesma maneira. Sou muito obcecado com a rotina, gosto de proteger o momento de escrever. Quando estou trabalhando em um livro, nada consegue me tirar daquilo.

Tenho essa rotina em diversas partes do mundo. Quando vivia em Jerusalém era a mesma coisa. É apenas o local onde tomo meu café que muda.

UOL - Como você compara escrever um romance e um livro de contos [Englander lançou em 1999 "Para Alívio dos Impulsos Insuportáveis", uma reunião de contos de sua autoria]?
Nathan Englander: O conto é um formato pressurizado. Você ainda tem que construir um mundo ali, mesmo tendo menos espaço. O romance permite que você viva com os personagens, cresça com eles. Acredito que adore ambas as formas, mas elas são muito diferentes, são mídias diferentes.

UOL - E o que você está lendo agora?
Nathan Englander: Trouxe um livro para a viagem, mas estava terminando de ler em casa outro livro, faltavam apenas umas 10 ou 20 páginas e não quis levá-lo para o aeroporto, foi uma decisão dolorosa. É muito engraçado, pois um amigo me disse "nossa, isso [o livro] é muito entediante", enquanto para mim ele é tão fascinante. Mas vejo mesmo as pessoas tentando lê-lo e pegando no sono. Bem, fato é que estou lendo "The Testimonies", uma espécie de coleção dos julgamentos secretos de alguns judeus no regime de Stálin [ex-dirigente da URSS], pouco antes de ele morrer. Eu sei que pareço um doido, leio e fico grifando trechos, vejo pessoas balançando a cabeça negativamente ao me verem fazendo isso, como se dissessem: "Senhor, me ajude, eu realmente não quero ler esse livro".

UOL - No momento você está escrevendo um livro ou planeja escrever algum?
Nathan Englander: Agora estou trabalhando em uma tradução. Também escrevi um conto para a [revista norte-americana] "Esquire" deste mês, artigos para outras revistas, trabalho em uma peça de teatro. Passei muitos anos escondido, sem falar com as pessoas, e agora estou viajando, desenvolvendo projetos. Sobre o novo romance, já sei sobre o que será e não vejo a hora de começar a trabalhar nele.
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