Topo

O futebol na TV aberta é alienante e precisa acabar

Galvão Bueno preocupado com a elegância de Walter Casagrande - João Miguel Júnior/TV Globo
Galvão Bueno preocupado com a elegância de Walter Casagrande Imagem: João Miguel Júnior/TV Globo

28/11/2017 13h18

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Ao longo dos últimos meses, uma verdadeira profusão de disputas, notas de bastidores e polêmicas vazias abasteceram as conversas no país inteiro. Não estou falando da Lava-Jato, que infelizmente entregou uma temporada menos inspirada neste ano. Me refiro ao fato de que estamos chegando na reta final do interminável calendário do futebol brasileiro.

Não tenho nada contra o ludopédio, apesar de torcer pelo Avaí. Mas é notável que não faz mais sentido ter partidas com essa frequência na TV aberta. A Globo, sobretudo, continua insistindo em duas partidas por semana, como se fosse um curso de Kumon.

Bianca Bin - Raquel Cunha/Divulgação/TV Globo - Raquel Cunha/Divulgação/TV Globo
Bianca Bin sofrendo com o pouco espaço para a novela às quartas
Imagem: Raquel Cunha/Divulgação/TV Globo

As noites de quarta-feira são um elefante branco para a grade de programação. Imagine que o principal produto da emissora, a novela das 21h, tem seu tempo de arte reduzido em mais de 50% por conta dos caprichos desportivos de um torcedor hipotético. E os domingos vêm sempre acompanhados de uma lombada no meio da tarde, atravancando toda a linha de raciocínio do trabalhador em descanso.

Com a crescente miríade de possibilidades para o acesso a entretenimento de nicho, o futebol na TV aberta é um aspecto cada vez mais esquizofrênico do planejamento dos canais. Quando digo que as pelejas do fino esporte bretão são alienantes, logicamente não pretendo fazer juízo de valor ao conteúdo das mesmas.

Ora, vocês me conhecem, sou o cara que acompanha de maneira indulgente programas como "BBB", "A Fazenda" e "Stênio Mello Show". Meu ponto é que um jogo entre Corinthians e Atlético Paranaense vai interessar a um perfil muito específico de telespectadores, mesmo entre aqueles que chegam a apreciar o futebol que se pratica nos certames atuais.

Nosso campeonato não vive grande fase técnica, assim como são raros os atletas que comovem o público de maneira mais abrangente. O caminho natural é que os jogos passem a ser exibidos apenas no conforto da TV a cabo, em serviços de pay-per-view como o Premiere, ou a la carte como o YouTube.

Trata-se de uma realidade muito mais justa para todo mundo:

  • Apenas os clássicos teriam espaço na TV aberta, com partidas que realmente têm o poder de chamar atenção para além das redomas dos fanáticos;
  • O campeonato teria horários flexíveis, melhorando a vida de quem ainda se incomoda o suficiente para ir ao estádio;
  • E o mais importante: não precisaria acabar a novela mais cedo às quartas, garantindo mais qualidade de vida ao povo.

Se você realmente ama futebol, não deixe a conta para a Globo pagar sozinha.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.