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Andreas Kisser assume rótulo de "arroz de festa" e sonha tocar com o U2

20/10/2017 04h00

Domingo, seis da tarde, volta de feriado prolongado, e Andreas Kisser prepara para levar ao ar "Pegadas do Andreas Kisser”, programa que apresenta há cinco anos ao lado do filho meio, Yohan Kisser.

Andreas é o primeiro a chegar ao estúdio e se mostra orgulhoso com a própria disciplina, sua marca desde os tempos da primeira banda, Esfinge, formada nos idos dos anos 1980 no ABC paulista. O filho chega minutos antes de o programa começar. O pai guitarrista pede os cumprimentos do restante da equipe e convidados ao primogênito pelos 20 anos completados no último dia 12 de outubro.

A cumplicidade entre pai e filho dá o tom à atração que toca metal e recebe convidados envolvidos de alguma maneira sobre o tema.

Neste dia, o visitante foi Beto Peninha, radialista que comandou o programa "Sessão Rocambole", na extinta 97FM de Santo André, e foi o primeiro a tocar a fita demo do ensaio da Esfinge no rádio. Isso quando o guitarrista tinha apenas 16 anos.

Yohan e Andreas Kisser no programa da 89FM - Divulgação - Divulgação
Yohan e Andreas Kisser no programa da 89FM
Imagem: Divulgação
Meia hora antes de entrar no ar com o programa ao vivo - os próximos serão gravados porque Andreas sai em turnê pela América Latina com o Sepultura -, ele fala com bom humor sobre o envolvimento nos mais variados projetos.

Além do programa e do Sepultura, o guitarrista divide seu tempo com o De La Tierra - grupo de metal formado com o baixista Harold Hopkins Miranda, pelo vocalista e guitarrista argentino Andrés Gimenez (do A.N.I.M.A.L.) e pelo baterista mexicano Alex González (do Maná) - e com o Kisser Clan, banda de cover que mantém com o filho Yohan. Para quem acha muito, o músico ainda atende pedidos para participações solos.

Me dê um motivo para dizer "não"

Andreas não vê problema nenhum em dizer "sim" aos mais diversos convites que recebe. E não se preocupa nem um pouco com a opinião alheia. "Ganhei até um prêmio de 'arroz de festa'. Sempre levei na maior positividade. O arroz é importante na culinária", fala, soltando uma gargalhada.

O fato é que muitas vezes, mesmo sem receber um centavo nas "sessions" ou sem qualquer estratégia de marketing envolvida, Andreas está onde se sente bem: no palco. Quem assistiu ao documentário "Sepultura Endurance", lançado este ano, sabe que ele não mede esforços para fazer seu som.

O "arroz de festa" coleciona participações com nomes que vão de Ian Gillan (Deep Purple), Motörhead e Alice Cooper a Chitãozinho & Xororó e Marcos & Belutti. No que depender de Andreas, a onipresença nos palcos não deve acabar tão cedo.

O U2 está no topo da lista de desejos do guitarrista. "Fizemos [com Sepultura] uma versão de "Bullet The Blue Sky". Poderia dar frutos diferentes, tanto para eles como pra gente. Lógico que o contato com os músicos do U2 é mais difícil. Sei que eles convidam artistas locais. Infelizmente não estarei no Brasil durante a passagem deles, mas se rolar, eu volto", diverte-se.

Para cumprir a extensa agenda, tudo é acertado previamente e muito bem pensado. Além da preparação física e mental, a organização é fundamental para que tudo dê certo.

Recentemente, Andreas participou da gravação do DVD de Dudu Braga numa segunda-feira e fez uma maratona para estar no palco da Casa Natura, em São Paulo. Ele se apresentou com a De La Tierra na noite do domingo. Imediatamente após o show, deixou a Cidade do México num voo às 2h, fez escala em Bogotá e foi direto para o palco encontrar o filho de Roberto Carlos. "Isso tudo não é um sofrimento. Faz parte da nossa carreira."

Aos 49 anos, casado há quase 25 com Patricia Kisser, Andreas credita à família e aos parceiros do Sepultura a chance de estar nos mais variados palcos do mundo. Só com o Sepultura foram mais de 76 países em 33 anos de banda.

O músico só lamenta inúmeros momentos perdidos em família, como as duas festas do primeiro ano dos filhos Giulia e Enzo, além de uma situação delicada com o filho Yohan, que passou por uma cirurgia enquanto ele estava em turnê pelo Japão.

Ainda assim, ele garante que essas oportunidades oferecidas pela arte são excelentes para manter a cabeça funcionando. "Agradeço muito as chances de trabalhar com gente diferente, de idades, classe social e culturas diferentes."