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05/06/2006 - 20h50
Valentina está de volta
MARIA EDUARDA BELÉM
Especial para Diversão & Arte



Para deleite dos fãs brasileiros, a editora Conrad vai lançar, em ordem cronológica e em edição de luxo, as aventuras da lânguida italiana. "Valentina - Crepax 65 - 66", o primeiro título da série, reúne as suas primeiras quatro histórias: "A Curva de Lesmo", "Olá Valentina", "Sogno" e "Os Subterrâneos".

Se viva, Valentina Rosselli teria hoje 67 anos. Apresentada ao mundo em 1965, há 41 anos, pelas mãos de Guido Crepax, que publicou na revista Linus os seus primeiros passos, a personagem mais famosa dos quadrinhos eróticos italianos volta a circular.

Surgida como coadjovante nas tramas policiais protagonizadas por Neutron - herói criado por Crepax, cuja identidade secreta era o crítico de arte americano Philip Rembrandt - Valentina foi aos poucos ganhando espaço e assumindo papel central nas histórias. Já na metade do segundo episódio da série de Neutron, "Olá Valentina", a personagem avisa: "Um momento! Desta vez eu sou a protagonista da história". Três anos e muitas páginas depois a série passaria a levar seu nome.

Valentina aparece pela primeira vez em "A Curva de Lesmo", uma trama policial onde uma gangue internacional planeja assassinatos de milionários pelo mundo. A missão de Neutron, com poderes mediúnicos e paralisantes, é, claro, impedi-los. Para tanto, Philip, a identidade secreta do herói, vai à Itália, onde conhece a fotógrafa milanesa, com quem acaba por se envolver. A partir daí, um enredo mirabolante se desenvolve, no melhor estilo 007, misturando romance com corridas de automóveis, perseguições em lanchas e helicópteros.

"Olá Valentina", a segunda história, começa com uma seqüência onde se vê apenas as longas pernas da personagem suspensas e balançando. Logo se nota, com um mínimo de imagens, que a bela está em perigo. Mais uma vez, Neutron entra em ação e ajuda a heroína a escapar de assassinos; não sem que antes ela rasgue seu modelo estilo Dior.

"Sogno", anuncia um pouco dos caminhos que viriam a ser percorridos pela personagem. Em uma espécie de delírio onírico, Valentina se vê em meio a um ritual sadomasoquista, no qual, pela primeira vez, sua sexualidade vem explicitamente à tona.

E finalmente em "Os Subterrâneos", a série tenta explicar as origens do herói Neutron, numa história com tons de ficção científica e mitologia onde os personagens descobrem uma civilização perdida. Com um enredo um tanto improvável, Crepax mais uma vez desnuda a personagem em meio a muita água e bolhas de ar.

"Valentina - Crepax 65 - 66" é uma deliciosa apresentação ao mundo de Crepax. No entanto, os leitores que estiverem ansiosos por histórias picantes poderão ficar decepcionados. Apesar do envolvimento romântico com Neutron, a Valentina que ganhou fama no mundo das HQs pela sua sensualidade e pela carga erótica de suas histórias, não aparece aqui na sua versão mais ousada. Neste primeiro volume da série, Valentina ainda "engatinha" no universo dos quadrinhos eróticos, estando ainda bem distante de assumir a maturidade sexual que a tornaria uma das principais, se não a mais importante, personagem do gênero.

Valentina que era mulher de verdade

A estréia oficial de Crepax no mundo das HQs trouxe mudanças à estrutura narrativa dos quadrinhos. A boca, os olhos e outras partes de Valentina, presentes em cortes e enquadramentos pouco comuns às HQs da época, trouxeram uma atmosfera cinematográfica e particular às histórias que, junto seu conteúdo surreal, foram responsáveis por conferir ao trabalho de Crepax o status de arte.

Inspirada na personagem Lulu, interpretada pela atriz Louise Brooks no filme "A Caixa de Pandora", e em Luisa Crepax, a mulher do quadrinista, Valentina, além de linda, era culta. Uma fotógrafa independente, sexy e bem resolvida que tornou-se a mulher dos sonhos de homens, que perdiam o olhar entre as suas longas curvas, e mulheres, que viam nela um exemplo a ser imitado.

Criada em Milão, um dos focos do design, moda e comportamento do mundo, Valentina faz inúmeras referências à alta costura, como seu corte de cabelo Channel e o seu vestido estilo Dior. Salas repletas de artistas, intelectuais e belas ragazzas, onde circulavam inúmeras referências literárias, musicais e artísticas, eram o ambiente natural de Philip Rembrandt e Valentina Rosselli.

Com o passar dos anos e o amadurecer do personagem, no lugar de enredos conduzidos por uma trama policial, as suas histórias ficavam cada vez mais surreais e lascivas. Valentina sonhava, nem sempre dormindo, e expunha um mundo surreal, povoado por fantasias eróticas, onde nenhuma outra personagem quadrinhos havia ido.

No Brasil, suas histórias foram publicadas pela primeira vez em 1971, na revista "O Grilo". No entanto, a série começou com uma história de 1967; "A Curva de Lesmo" só viria ser publicada no país em 1976. Mais tarde, no final da década de 80, Valentina foi reapresentada ao público brasileiro e ganhou uma nova geração de admiradores quando a editora L&PM lançou os álbuns "Valentina", "Valentina de Botas", "O Bebê de Valentina", " Valentina Assassina" e "Valentina no Metrô".

Guido Crepax

Ilustrador, quadrinista, cartunista revolucionário, Crepax nasceu em 1933 em Milão, Itália. Estudou arquitetura, mas nunca trabalhou como tal. Rendeu-se às histórias em quadrinhos em 1965. Como desenhista excepcional, fez ilustrações para publicidade e em revistas de medicina.

Seu primeiro trabalho como cartunista foi publicado na Linus, revista referência de Giovanni Gandini e Ranieri Carano, em 1965. Neste ano, histórias policiais e de ficção científica estavam em primeiro plano na obra do italiano. Aos poucos, historias de amor e erotismo, assim como a não-linearidade, tomaram conta do seu trabalho.

Guido é também o criador das musas Anita, Bianca e Belinda e o responsável por versões em quadrinhos de clássicos da literatura erótica, como A História de "O", de Pauline Reage, "Emmanuelle", de Arsan, e "Justine", de Sade. Além de releituras de clássicos como Conde Drácula, Doutor Jekyll e Mister Hide e Frankenstein, seu último trabalho publicado, em 2002.

A obra de Crepax influenciou toda uma geração, como Manara e Serpieri. O quadrinista italiano morreu em 2003.


Valentina - Crepax 65 - 66
Autor: Guido Crepax
Preço: R$ 55,00
Formato: 21x27cm
Número de páginas: 144



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