24ª Bienal Internacional de São Paulo “A Bienal é a coveira da Semana de Arte Moderna de 22”. A frase acima foi dita por Oswald de Andrade, autor do “Manifesto Antropofágico” (1928), ao comentar a primeira Bienal de São Paulo, em 1951. Setenta anos depois da publicação do manifesto, Paulo Herkenhoff, curador da 24ª Bienal, retomou o conceito de antropofagia elaborado por Oswald para torná-lo o eixo conceitual do evento. Bienal/Divulgação Fachada do pavilhão Ciccillo Matarazzo, pintada por Regina Silveira A proposta do curador era que cada uma das três mostras propostas (“Roteiros”, “Representações Nacionais” e “Núcleo Histórico”) orbitasse em torno do conceito de antropofagia. O resultado obtido foi extremamente positivo, transformando, segundo os críticos, a 24ª Bienal na mais ousada conceitualmente desde a “Grande Tela”, proposta por Sheila Leirner, em 1985. Mais enxuta que na Bienal anterior, a mostra “Representações Nacionais” foi montada com exposições individuais de artistas de 53 países. Herkenhoff procurou diluir a noção de fronteiras com a concepção arquitetônica de Paulo Mendes da Rocha, que trabalhou com o conceito de transparência. Bienal/Divulgação Vídeo-instalação de Bruce Nauman A mostra “Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros” (assim mesmo, com a palavra repetida sete vezes como no Manifesto Antropofágico, de Oswald de Andrade) dividiu o mundo em sete grandes regiões. Instados a debater o conceito proposto, curadores e artistas procuraram responder à problematização da antropofagia e do canibalismo estético com uma mostra densa. Apoiada em artistas consagrados como Victor Grippo, Franz West, Sherrie Levine e Jeff Wall junto com novos valores, entre eles Dadang Christianto, Bjarne Melgaard e Milica Tomic, a mostra “Roteiros” apresentou um forte panorama da produção contemporânea. Bienal/Divulgação "Tiradentes Esquartejado", tela de Pedro Américo A argumentação do curador procurava justificar a composição como uma mostra não convencional, diferenciando-se dos cânones históricos. “Eu desejava fazer uma Bienal que não viesse a confirmar conceitos ou temas já consagrados na história da arte européia ou americana. Eu queria que o ponto de partida fosse a tradição brasileira. Desde o início, a antropofagia não é um movimento restrito a uma expressão, mas já nasce como literatura e pintura, já nasce aberta para se articular com outras manifestações da história da arte”, disse o curador em entrevista à Folha. Bienal/Divulgação Obra de Francis Bacon Fontes- Arquivos Folha de S. Paulo - "As Bienais de São Paulo / 1951 a 1987", de Leonor Amarante - "Bienal 50 anos", organizado por Agnaldo Farias - Site oficial do Museu de Arte Moderna de São Paulo - Fundação Bienal de São Paulo. | Autores do cartaz- Leonilson (desenho) - Raul Loureiro e Rodrigo Cerviño Lopez (cartaz) Destaques- CoBrA |